Quando estava no último ano da faculdade, na cadeira de Direito Internacional Privado calhou-me na mesma turma uma colega que era da ilha Terceira.
Certo dia, a propósito de um qualquer teste que o assistente das aulas práticas queria marcar, ela foi falar com ele a pedir-lhe para mudar a data porque ficava mesmo perto da semana de férias (Natal ou Páscoa, não me recordo) e isso complicava a história da marcação dos voos para os Açores (um pesadelo, naquelas alturas!).
Haviam de ter visto a cara do homem! "Mas a Marta é dos Açores? A Carla é que é! E vocês não falam nada parecido!". Só me apeteceu levantar do lugar e gritar-lhe (a ele, que até era dos professores mais simpáticos que tínhamos naquele antro de elitistas): "Oh, sua anta! Os Açores têm 9 ilhas e nós somos de duas diferentes, logo, o sotaque também!".
Mas contive-me e lá lhe expliquei que o que as pessoas erradamente consideram "sotaque" ou "pronúncia" açoriano(a) é na verdade a maneira como falam os micaelenses. Aqueles que, como eu, são de S. Miguel e que, por isso, têm esta maneira "estranha" (si, já ouvi isto na cara) de falar. Acrescentei ainda que, mesmo dentro de cada ilha, especialmente em S. Miguel, existem vários sotaques diferentes e que eu consigo distinguir perfeitamente uma pessoa de Nordeste de outra de Rabo de Peixe e, por sua vez, de outra de Vila Franca do Campo. Lá lhe dissemos que a Marta era da Terceira e que, embora também tenha um sotaque característico, sempre se assemelha mais ao "português continental", daí que ele estivesse longe de pensar que a rapariga era açoriana.
Tenho que dizer que "bairrismos" à parte (que eu cá não sofro disso), adoro o sotaque das minhas gentes, sejamos micaelenses, terceirences ou picarotos. Somos originais, pronto! :) E desenganem-se aqueles que pensam que é difícil perceber apenas os micaelenses. Há conversas "à moda da Terceira" que deixam muitos continentais à rasca! E o que eu adoro ouvir terceirence! É um falar cantado e lindo!
Fiquem com um cheirinho! :)
No continente já me perguntaram se eu era açoreana, madeirense ou francesa. Atendendo a que nem tenho o sotaque assim tão cerrado (há bem piores!), esta do francesa ficou-se-me atravessada na garganta...
ResponderEliminarLOL. Os taxistas em Lisboa também me perguntavam sempre se era açoriana ou madeirense. O que acho que se distingue na perfeição, diga-se de passagem!
EliminarQuanto a essa do francesa, devo confessar-te que o outro dia tive que olhar para trás para o casal que vinha atrás de mim na rua porque por segundos não consegui perceber se falavam francês ou um micaelense muito cerrado! LOL. Eram turistas franceses. :) É o "u" e o "e" que nos confude. :)
Tenho uma conhecida que é Açoriana e ao inicio confesso que fazia ginástica para a entender mas com boa vontade entendi na perfeição e depois já era como se tivéssemos sotaque igual.
ResponderEliminarDeixa lá, uma vez estava a comer uma banana e alguém me pergunta algo e eu respondi com a boca cheia (eu sei que não se deve mas naquela situação teve q ser) e sabes o que me responderam? "Eia, tu tens sotaque." A sério? Toda a gente tem e muito mais de boca cheia. ahah :p
O sotaque de vocês é lindo, igual ao nosso aqui na ilha de Florianópolis, quem vem de outros estados do Brasil, não compreendem em primeiro contato. As pessoas dizem que cantamos ao falam.
ResponderEliminarO sotaque de vocês é lindo, igual ao nosso aqui na ilha de Florianópolis, quem vem de outros estados do Brasil, não compreendem em primeiro contato. As pessoas dizem que cantamos ao falam.
ResponderEliminarEu sou do Faial e cá não temos sotaque quase nenhum a não ser na zona da freguesia dos Cedros e é um pouco irritante as pessoas virarem-se para nós e dizer: "Mas tu és dos Açores?? Não tens sotaque."
ResponderEliminarO SOTAQUE DOS AÇORES NÂO EXISTE. Se este varia de freguesia para freguesia como é que poderia ser igual em 9 ilhas...