Dia 31 - Saudade
De ter 5 anos e andar na pré-primária.
Do tempo em que os Verões eram longos e brincava com os meus primos, na rua, junto à casa da minha avó Isabel, quase até às 21h00.
De estar no secundário e andar os intervalos todos a correr de um lado para o outro a falar com milhentas pessoas e depois ir para as aulas aos gritos e pulos com os colegas e passá-las a rir e a fazer asneiras enquanto dávamos cabo das cabeça dos professores (hoje em dia, pago os meus pecados!).
De sair às 13h30 das aulas, mas ficar o resto da tarde, praticamente até o Liceu fechar, com os amigos a jogar às cartas, sentados no chão do pátio e a rir a bandeiras despregadas enquanto o Sr. António (um querido funcionário da escola que nos tentava impor algum respeito, mas que acabava sempre por se não se aguentar e acabar a rir com o nosso descaramento) nos mandava fazer menos barulho a cada 15 minutos.
Das tardes inteiras a falar com as amigas ao telefone (hoje em dia, detesto falar ao telefone!).
De não ter telemóvel.
Das borboletas no estômago no início do namoro.
Da noite inteira passada nos braços do Maridão quando acordo de manhã.
Dos meus avós e bisavós, com quem passava horas a conversar como se fossemos da mesma idade (imaginem uma menina de 4 anos passar tardes inteiras em casa dos bisavós com mais de 80, por vontade própria e a divertir-se tanto como se estivesse com 3 amiguinhas a brincar à bonecas).
Do meu Padrinho e Anjo da Guarda.
A saudade é um sentimento estranho: se por um lado magoa, por outro deixa-nos os olhos a brilhar.
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