Vou começar por dizer, correndo o risco de morrer virtualmente apedrejada, que não sou anti-Passos Coelho. Era anti-Sócrates, sim. Porque esse era aldrabão, ladrão e cara de pau.
O Coelhinho foi-se meter onde não devia. Herdou um país à beira da ruína. O naufrágio continua a decorrer e ele, sozinho, já não vai a tempo de o impedir. Quis ser o herói, mas o jogo virou-se contra ele e agora é o alvo preferido dos portugueses.
Tenho pena dele, na verdade. É que é preciso não esquecer que o Primeiro-Ministro não é o Governo. Faz parte dele. É o chefe. Mas há mais gente ali envolvida, com competências próprias e muitas vezes mais margem de manobra do que aquela que lhe devia ser concedida.
Erros têm sido cometidos. Erros graves. Mas convenhamos que não podem ter sido todos conjecturados por aquela cabecinha apenas... Há coisas que saem da boca dele, mas que foram escritas para ele. Faz parte do papel que desempenha neste teatrinho deprimente.
Quase crucificaram o homem porque incentivou a população jovem à emigração. Eu cá encarei aquilo como um conselho de amigo em jeito de mensagem subliminar: "Meus amigos, o melhor mesmo é juntarem as vossas coisinhas e darem de frosques, que isto aqui já não tem remédio possível. Salvem-se enquanto podem. Palavra de quem conhece as coisas de dentro".
Eu não vou. Não porque o considere um mau conselho, mas por uma série de outras razões. Pessoais e profissionais. E como sei que somos um país de desistentes e que o fenómeno "emigração" começa verdadeiramente a fazer-se sentir (daqui a nada acompanhando os números da década de 60), acho que alguém tem de ficar por aqui a fazer algo pela economia. Digo com isto no sentido de trabalhar e não de viver em jeito de parasita, comendo às custas dos que dão o couro todos os dias através do Rendimento Social de Inserção.
E chegámos ao ponto que eu queria: no tempo das vacas gordas (lembra-se, amigo Guterres?), em que o dinheiro abundava (?), foi um tal "ajudar" os "frascos e comprimidos" (aka fracos e oprimidos), concedendo-lhes uns beneficiozinhos (?) em relação aos demais mortais que se esfalfam todos os dias para colocar comida na mesa. Agora que o dinheirinho escasseia (desapareceu, mesmo), não pararam as ajudas. Quem trabalha é que desconta mais, ganha menos e continua a sustentar os malandros. É aí que eu acho que anda mal o Governo. Se as soluções do PSD e do PS (não vou falar nos outros que só estão para ali no Parlamento a ganhar o seu enquanto passam as reuniões no Facebook ou a pôr o sono em dia; ou a tentar legalizar as drogas e proibir as touradas) para a crise no país são diferentes, há que agir de forma diferente. Mas de forma que se veja! Cortem lá os RSI e ponham essa gente a trabalhar! Trabalho há, sim. Não há é empregos e são empregos que as pessoas querem...
Digo e repito que o mal não está no representante do Governo, mas sobretudo nos que o rodeiam... esses é que tomam as decisões, o outro só dá a cara. E leva com os ovos podres.
No caso do anterior Governo, acho que o Sócrates soube, e bem, rodear-se de uma corja que lhe acompanhava os movimentos e lhe seguia as pisadas, quais autómatos, logo, as culpas têm que ir ao cabecilha. Porque ideias tão estúpidas como as dele não podem ter partido de não sei quantas cabeças juntas. Foram impostas. E aceites. E executadas. E fizeram de nós o que somos hoje: uma cambada de paspalhos aos olhos do mundo!
Lamento tanto que, passados 7 anos sobre a data em que escrevi
este texto, consiga nele ainda rever-me no que toca ao essencial das ideias: somos uns tristes e toda a gente nos vê como tal.
P.S. - Não sou advogada do Passos Coelho.