domingo, 11 de setembro de 2011

Quando eu achava que podia mudar o mundo


Quando eu tinha 22 anos e andava na Faculdade (socorro!), tinha a mania que ia revolucionar esta m**** toda. 
Era toda reivindicativa e muito opinativa (não a cair para o comunista, Deus me livre!). Aliás, descobri no outro dia uma coisa que tinha escrito sobre os meus interesses. Entre outros, indiquei: "Direito - trarei um novo sentido de justiça a este país. Vote Carla Santos para as Autárquicas de 2025!". Agora que os anos vão passando é que vamos vendo o que crescemos entretanto (espero não encontrar nada que tenha escrito aos 17!). Depois de começar a trabalhar percebi que a profissão que tinha escolhido aos 14 anos não é, de todo, semelhante ao que eu havia idealizado. Eu não ajudo as pessoas; minto por elas. Ossos do ofício, aprendi eu.

Voltando à vaca fria: algures em 2005, vi uma reportagem no telejornal que me deixou deveras furiosa. Aquilo é que foi correr para o computador e deixar no site do canal de televisão em questão uma reclamação toda "abespinhada". Seguidamente, enviei um e-mail para o jornal com mais tiragem da Região Autónoma dos Açores (só não fui lá pessoalmente porque me encontrava em Lisboa) com o texto que vos passo a mostrar e que foi publicado dois dias depois. Senti-me "cheia", com aquela sensação de dever cumprido. À luz do meu actual "eu", vejo a imaturidade que aquele texto transpira. Mas valeu a intenção! Para além de ter deixado o meu papá tão orgulhoso que até hoje tem o recorte daquele jornal emoldurado e exposto na sua secretária. LOL


"Ministra diz-se normal, logo erra." 

Assistindo à emissão do Jornal Nacional da TVI do dia 23 de Junho de 2005 não consegui conter o espanto ao verificar que, ao contrário do esperado, o Governo português conseguiu descer ainda mais baixo e mostrar-se mais incompetente do que tem feito até então. O Governo de Sócrates tem-se mostrado uma escolha infeliz por parte dos portugueses que, invariavelmente, se mostram susceptíveis de ser ludibriados por falsas e utópicas promessas.
A fraca prestação de Sócrates até ao momento revela-se não tanto nas discutíveis medidas tomadas no âmbito do Trabalho e da Segurança Social, com o intuito, parece-me, de se repercutir na Economia portuguesa (tentativas infudadas, a meu ver...), mas sim nas fracas opções tomadas a nível dos seus representantes. Choca-me ouvir uma senhora, em princípio conhecedora da Lei e cuja obrigação principal enquanto membro de um Governo consiste em dominar o teor das matérias tratadas na Constituição da República a que respeita, vir a público reconhecer que cometeu um erro (atitude de louvar) e piorar gravemente a situação “enterrando-se” como jamais ouvi um representante de um cargo político fazer. A respeitável Sra. Ministra da Educação terá dito, no âmbito da reportagem passada pela TVI, e passo a citar: "é um tribunal de Ponta Delgada, não é um tribunal de Lisboa, nem respeita à República Portuguesa.". Os Açores não são parte da República Portuguesa?! São espanhóis, porventura... Para a dita Senhora segue um recado: consta expressamente do art. 5º da Constituição da República Portuguesa que "Portugal abrange o território historicamente definido no continente europeu e os arquipélagos dos Açores e da Madeira.", sendo que o regime político-administrativo das ditas Regiões se encontra disposto na mesma Lei Fundamental, mas não está prevista (ainda) a sua não sujeição às leis estaduais e, como tal, OS TRIBUNAIS AÇORIANOS SÃO, EFECTIVAMENTE, PARTE INTEGRANTE DO SISTEMA JUDICIÁRIO PORTUGUÊS!
Deixa-me ainda mais desanimada verificar que os ditos grandes senhores deste país que poucas perspectivas de futuro me traz conseguem demostrar ainda mais ignorância que os infelizes alunos do 12º ano que, ultimamente, se têm debatido com o problema das greves, pondo em causa o resultado dos seus exames e, consequentemente o seu futuro académico. Se a educação em Portugal, a par de tantos outros aspectos, se encontra pelas ruas da amargura, sendo que tão maus resultados a nível de disciplinas tão relevantes como a Matemática e a própria Língua Portuguesa (!) se vêm agravando de ano para ano, o que dizer desta geração de governantes que, ao invés de nos (ao país, enquanto cidadãos globalmente considerados) incentivar a construir um futuro melhor, independentemente dos sacrifícios que forem necessários fazer, só nos rebaixam perante o resto da Europa, evidenciando de dia para dia a mediocridade em que nos deixámos cair? Pior, uma geração de responsáveis políticos que retira quaisquer esperanças aos jovens que, como eu, procuram ter uma voz activa no que diz respeito às opções tomadas a nível nacional e que têm importantes repercussões na sua vida, principalmente numa perspectiva a longo prazo. Esse desacreditar crescente no Estado português alia-se, infelizmente, à vergonha que sinto dos símbolos nacionais; vergonha de toda uma comunidade que continua, tal como no Estado Novo, agarrada à cultura do Fado, Futebol e Fátima e que me embaraça perante o resto do mundo quando personagens importantes se esquecem que determinadas regiões do país continuam a fazer parte do seu território e, por isso mesmo, sob a sua responsabilidade, insistindo em tratar os insulares como portugueses de segunda, meros apêndices e até um encargo para os cofres do Estado.
E se Durão Barroso fosse para a Comissão Europeia dizer que a Alemanha não é parte integrante da Europa...?



2 comentários:

  1. ihhh que veneno!!! :D lol....tavas on fire...
    mas sim, realmente, temos tido uns tristes exemplos a nivel governativo...

    Porrada no lombo, era o que eles precisavam!!!

    PS - Boa sorte prás eleiçoes de 2025! ;)

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  2. Eles ganham bem. Ia-me consolar, por isso: Go, Carla, go! lol

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