Nunca fui grande amante de tachos e panelas.
Primeiro, porque nem sequer gosto muito de comer (como quem me conhece pessoalmente já se deve ter apercebido)... Na verdade, sou daquelas pessoas que acham que sentar à mesa para almoçar ou jantar é uma perda de tempo e seria a primeira cliente no dia em que inventassem uma pílula capaz de substituir uma refeição. Claro que gosto de uma boa jantarada entre amigos, mas isso são situações excepcionais, em que a comida se torna mais apelativa, regada com um bom vinho tinto! :)
Segundo, porque sou muito desastrada e o processo de cozinhar sempre foi recheado de pequenos incidentes, desde deixar cair um pacote inteiro de puré de batata instantâneo no chão, deixar cair um pacote de manteiga acabadinho de abrir, esquecer-me do tacho com o arroz a cozer e depois ir dar por ele todo preto, agarrado no fundo do dito de tal forma que foram arroz e tacho directamente para o lixo.
Terceiro, nunca tive grande paciência e a minha mamã, sabendo dessa minha característica, nunca me incentivou, nem me chamou para junto dela para aprender.
O facto é que durante 5 anos vivi em Lisboa, sozinha, sem mamã a quem poder recorrer, pelo que, não podendo sobreviver de congelados e fast-food, lá me fui desenrascando. À custa dos incidentes que já referi e de algumas refeições consistindo numa simples tigela de Chocapic, é certo. Mas fartei-me de cozinhar, de seguir receitas e de inventar, também. Só que o bichinho não ficou.
Regressada aos Açores, voltei para casa dos meus pais e... eis que a necessidade de cozinhar uma vez mais se evaporou. A minha mãe é dona e rainha daquela cozinha e sempre almocei em casa dos pais do Maridão, porque fica no centro da cidade e muito próximo do meu escritório.
Contudo, desde que casei, talvez inspirada pela curiosidade e empenho do Maridão em experimentar novos pratos e passar tempo de roda do fogão, fui ganhando esse gosto também. Dediquei-me, porém, aos doces. Cá em casa, ele é que é o chef de serviço e eu sou a pasteleira. :) Bolos e tartes têm merecido a minha principal atenção, mas também me dedico a outros pratos que não a doçaria. O Maridão adora gastronomia internacional e farta-se de experimentar pratos mexicanos, italianos e tailandeses e eu, conhecendo o seu gosto por "comidas diferentes", ofereci-lhe uma vez uma colecção de 8 livros de culinária: cozinha francesa, mediterrânica, mexicana, chinesa, tailandesa, grega, peixe e marisco, wok e salteados. Gosto do jeito que ele adapta e mistura cada receita, dando largas à sua imaginação. Eu, pelo contrário, gosto de cozinhar pratos tradicionais (embora adore experimentar novos sabores), sopas, assados, pratos de frango, pratos de peixe, quiches...
Cá em casa proliferam, como já vos disse uma vez, livros de culinária. Como é óbvio não cabem todos numa gaveta de cozinha e, por isso, acabam por andar espalhados pela casa: na sala, no escritório... até no quarto, na mesinha de cabeceira do Maridão! :) Blogs e sites de culinária são coisa que também não falta nos "Favoritos" do meu computador. Não obstante, as ideias para uma refeição simples para os nossos jantares semanais às vezes escasseiam. Ou porque não descongelámos qualquer coisa previamente, ou porque vai demorar imenso tempo no forno e já é muito tarde, ou simplesmente porque não temos paciência (nesses dias normalmente McDonald's ou pizza resolvem o problema).
Para essas situações tenho normalmente um ou dois sites com receitas simples e rápidas que me iluminam o caminho, mas muito recentemente cruzei-me com esta pequena pérola:
http://www.cristinavaz.com/desculpasparacozinhar/. É um livro de receitas, cujo
pdf podem descarregar gratuitamente neste link. Nas palavras da sua autora, Cristina Vaz, fotógrafa de profissão, "o livro 'Desculpas para cozinhar' é um livro de receitas e um livro de fotografia, mas é principalmente uma boa desculpa para aquelas pessoas que não gostam de cozinhar e que estão sempre a arranjar desculpas para não o fazer. Eu sou uma dessas pessoas e, com este livro, quero-lhe arranjar todas as desculpas para abrir o apetite enquanto escolhe o que vai fazer para o almoço." Parece mesmo adequado a principiantes e curiosos como eu, não é? ;) Façam o download, pois o livro é uma ajuda preciosa. Decerto ajudará todos aqueles meus amigos (e ilustres leitores) que se encontram ou já encontraram numa situação de falta de inspiração culinária. Fica a dica às minhas amigas recém-mamãs (com tão pouco tempo para fazer tudo o que precisam), mulheres de carreira a cursar especialidades, meninos e meninas que, como eu, ficam a trabalhar até às 21h/22h e ainda aos meus amigos do peito que não cozinham nem sabem (querem) fazê-lo, mas decidiram (devem!) surpreender a esposa exausta cozinhando-lhe uma bela refeição caseira (esta é para ti, N.G.!).
Além de fazerem o download gratuito do livro, aconselho-vos também a guardar nos vossos "Favoritos" o respectivo blog (
http://desculpasparacozinhar.wordpress.com/), cujas receitas não estão no livro e por isso vêm complementar o nosso repertório de conhecimento gastronómico. E sabem do que gosto mais neste projecto? Do facto de se tratarem de receitas para o dia-a-dia, rápidas, saborosas e sem complicações e, sobretudo, porque tanto o livro como o blog estão ilustrados com fotografias de todos os ingredientes de cada receita e do seu resultado final.
Vá, toca a colocar os aventais e seguir rumo à cozinha! E não se esqueçam de depois vir contar-me como correu. :)
Boas experiências!