Sou medricas, detesto tirar sangue ou ir ao dentista. Em qualquer das duas situações é frequente darem por mim de olhos fechados. Bem cerrados. Porque nem quero ver o que está p'rali a acontecer.
Nunca levei pontos, sequer. Só de imaginar uma sutura a ser realizada na minha rica pessoa já me dá arrepios. Deus me livre! Do hospital, só gosto do cheiro a éter. De tudo o resto quero distância.
Long story short:
A minha bisavó morreu aos 96 anos. Hoje teria 101. Não tinha doença nenhuma. Nem diabetes, nem problemas cardíacos, nem Alzheimer. Não tinha as vacinas em dia (acho eu, que nunca vi o boletim dela) e não fazia exames médicos de rotina. Não, também não foi assassinada. Morreu porque era maníaca das limpezas. Decidiu que tinha que lavar o chão da cozinha, naquele dia, àquela hora, de joelhos. Sim, de joelhos. "Porque a esfregona não vai aos cantos todos", dizia ela. Ora, vem do quintal com o balde cheio de água, tremelica com aquilo e entorna um pouco da água no chão. Vai e volta. Quando volta, escorrega na água entornada e cai. 96 anos. Os ossos não têm a mesma "qualidade" que os de um puto de 20. Cai e parte o fémur. Hospital. Cirurgia. Senhora Enfermeira chama mamã e Carlinha (neta e bisneta mais velhas, respectivamente, logo, autoridades máximas no assunto) para reunião pré-operatório. Avisa que, em razão da idade da paciente e ao facto de lhe ir ser administrada anestesia geral, a cirurgia poderia não ser bem-sucedida. A.k.a., vavó poderia morrer na mesa da operação.
Não morreu. Foi muito bem tratada e acompanhada por uma óptima equipa. Acordou óptima, como se nada tivesse acontecido. Porém, perna completamente engessada, da ponta do pé até à virilha. Vavó veio para casa, vivinha da silva e vendendo saúde. Mas vavó era medricas e teve medo de voltar a andar. Tinha medo de se pôr em pé, até. Parecia um bebé que cai quando dá as suas primeiras passadas, mas que dali a 2 semanas já anda outra vez que nem uma formiguinha Tivemos paciência e fomos insistindo. Vavó foi ao hospital tirar o gesso. Vem para casa com uma pneumonia. Vavó era assim magrinha e pequenininha como eu. Estava enfraquecida pelo incidente (queda, cirurgia, internamento) e havia perdido o apetite. Não resistiu e acabou morrendo. De pneumonia. Por ter partido uma perna. Por ser maluquinha da organização.
É ou não é para ter medo dos hospitais? Brrrr....
Sou medricas, já disse! E meio doida, também. :P
Não tenho medo de hospitais, mas também não gosto de lá estar. E, curiosamente, da única coisa que gostas lá, eu detesto. Não suporto cheiro a éter, não gosto mesmo do "cheiro a Hospital".
ResponderEliminarÉ realmente pena, o caso de tua bisavó. Com uma vida tão plena, tão livre de doenças com aquela idade, tão isenta de malefícios, que logo por sorte ir limpar a casa iria mudar isso tudo. Mas muitas vezes a vida é feita de acasos e a morte idém.
Como lado positivo, lembra-te que herdaste os genes dela. Ou seja, já podes contar com pelo menos 96 anitos para ti cá na Terra. Agora, quando lá estiveres, nada de dar-te na cabeça de fazer limpezas. Os teus bisnetos que o façam, aqueles pelintras. ;-)
um beijinho para a tua bisavó, onde quer que ela esteja!
ResponderEliminardia feliz para ti, sem medos!
Nota 20.
ResponderEliminarDino,
ResponderEliminarViver até aos 96? Duvido. Se chegar aos 40 com o meu juizinho todo já vou com sorte. LOL
Pelo menos tenho uma vantagem em relação à minha avó: estou-me a cagar para as limpezas! lol
Mão da mãe,
ResponderEliminarHá-de estar num bom sítio, com certeza. A chatear o meu bisavô para não deixar cair migalhas de pão no chão ou a mandá-lo limpar muito bem os pés antes de entrar em casa (ou seja lá o que for aquilo em que eles "vivem"). LOL
Beijos