terça-feira, 30 de julho de 2013

Competir a escrever #9

À 9ª jornada deram-nos este tema: "Escreva sobre uma das mais difíceis decisões que teve de tomar na sua vida."

A Claudiamar escreveu esta versão tocante.

Eu fiquei-me por um romance soft porn digno de figurar nas páginas centrais da Revista Maria.


Sempre fomos um casal discreto. De poucas saídas e noitadas, apreciadores do nosso sossego e privacidade. Estávamos casados há 4 anos e havíamos namorado uns outros tantos. Conhecíamo-nos de cor, portanto.
Dávamo-nos muito bem com o Paulo e a Ana. Aos fins-de-semana juntávamo-nos sempre em nossa casa ou na deles para jantarmos e passarmos o serão juntos. Também ainda sem filhos, eles haviam optado, contudo, por uma relação mais liberal, sem papéis a servirem de amarras.
Num sábado à noite – um daqueles que nos coubera  – depois de uns copos de tinto a mais, decidimos, qual adolescentes, jogar ao “Verdade ou Consequência”. As coisas começaram a aquecer e, já não me lembro bem como, acabámos os quatro semi-nús na sala. Uma coisa levou a outra e o João começou a acariciar-me ali mesmo em frente aos nossos amigos. Eles perceberam a dica e alinharam. Não tardou e estávamos, ambos os casais, a fazer amor em frente uns aos outros, no tapete, nos sofás…
A iniciativa partiu da Ana. Levantou-se e aproximou-se do João. Fez sinal ao Paulo para vir ter comigo. Fui completamente apanhada de surpresa. Termos sexo juntos era diferente do que trocarmos de parceiros. Não tive mais do que dois segundos para decidir. Ou punha cobro à situação naquele mesmo instante e criava um ambiente de cortar à faca, ou avançava e punha em risco a nossa amizade e, muito provavelmente, o meu casamento.
Fechei os olhos e deixei-me levar. Sentir umas mãos diferentes a percorrer o meu corpo levou-me ao êxtase em poucos minutos. A excitação estava ao rubro. Porém, quando me virei e vi o João em cima da Ana, a beijá-la e a penetrá-la, foi como se tivesse levado um murro no estômago.
“Párem!”, gritei. “Esta palhaçada acabou. Vocês os dois: saiam já daqui!”. Ficaram todos a olhar para mim sem perceber o que tinha despoletado a minha fúria. “Saiam, não ouviram?! Peguem na merda das vossas roupas e desapareçam!”.
Fiquei sozinha com o João. Ele olhava-me incrédulo. Escorriam-me lágrimas pelo rosto e só consegui murmurar: “Não foi preciso dizerem-me nada. Bastou-me olhar para vocês os dois e perceber que esta noite não foi a primeira vez.”. Ele ainda tentou balbuciar qualquer coisa, mas interrompi-o: “Vi a intimidade com que partilharam aquele momento. Há sentimentos por detrás daquela simples queca”. João apenas baixou os olhos. “Tens até amanhã ao fim do dia para saíres desta casa”.


1 comentário:

  1. Uiiii... isso foi fruto de algum sonho ruim??? :D
    bjs... B.C.

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