Eu sou a maior chata do mundo para comer. Sempre fui.
Aliás, pelo que a minha mãe conta, a hora da refeição lá em casa foi sempre um pesadelo, desde o dia em que nasci. Acho que até chorava, a coitadinha.
Hoje, quase aos 30 anos, continuo a ouvir os mesmos raspanetes na hora da comida (dos pais, do irmão, do marido, até dos primos e dos amigos):
- "Carla, come!";
- "Está calada e come!";
- "Ainda tens o prato cheio";
- "Não te levantas da mesa enquanto não tiveres comido tudo".
A pior? O meu pai: "Nunca levaste uma palmada na vida, vai ser agora depois de casada?".
Confesso que a coisa mais horrível que me podem dizer é: "Como não queres mais? Tanto pretinho a morrer de fome em África e tu vais deitar a comida para o lixo?". Fico com um peso na consciência que nem imaginam! E lá faço um esforço, quando a minha vontade é mesmo vomitar...
Mas atenção! Eu não sou capaz de pôr comida no lixo! Tento primeiro que alguém (mãe, marido...) a coma ou então, nem que seja, dá-la a um qualquer animal... E isso porque a minha querida mamã provocou-me aquilo a que se pode chamar "um trauma de infância".
Corria o ano da graça de mil novecentos e oitenta e tal. Aqui a menina entrou para a pré-primária. Mamã mandava o almoço todos os dias na bela da lancheira. Ao final do dia perguntava, desconfiada: "Comeste tudo?". A fim de evitar mal-entendidos, mamã disse um dia: "Nunca se põe a comida para o lixo! Jesus mata as meninas!"
É... Jesus não fica triste. Jesus não fica aborrecido. Jesus não castiga. Jesus mata de vez. Grande mãe!
E pronto, se hoje em dia forem remexer na minha mala, encontrarão sempre coisas como: um resto de uma sandes qualquer com bocados de bolor; meia queijada de nata já toda desfeita; um croquete amassado e com bichos; um pacotinho de bolachas moles e às migalhas; etc.... Ah, no carro normalmente também há restos.
Confrontada a mamã, hoje responde: "Era para controlar aquilo que comias. Se não comesses tudo, eu queria saber quanto. A mesma banana que saía de casa à segunda-feira de manhã era aquela que voltava na sexta à tarde. Já podre."
Pois e o marido que não gosta de comer sozinho tem de esperar que a madame ganhe fome... resta dizer que às vezes fazemos refeições aqui ás 15h... e às vezes mais tarde...
ResponderEliminarESPERO que os rebentos tenham o apetite do pai! lolol
Hão-de ter! Tu não me rogues pragas!
ResponderEliminarLOOOOL muito bom mesmo...
ResponderEliminaraté eu que "pensava" que não comia muito, agora(desde que vou para a "tua" casa e sou "obrigada" a comer) como quase o dobro do que tu comes LOL
Ai, que a minha infência foi como a tua!! Ehehehehehe
ResponderEliminarAs minhas amigas, durante a faculdade, tinham pavor em jantar cmg, pq era sinónimo de esperarem uma eternidade para que eu acabasse de comer.
Hoje estou ligeiramente melhor. Mas não curada! lol
Beijinho,
AC
Acho que não há cura para isso, AC! ;) Se houvesse o raio de uma pílula que pudéssemos tomar para substituir a refeição, acredita que eu era a primeira a tomá-la!
ResponderEliminaraBelha querida, não é difícil comer o dobro do que eu como... ;) lol
ResponderEliminarAhahah oh mulher guardar comida na mala?! Realmente não medem as conversas que dizem às crianças.
ResponderEliminarEu também fui assim. Só gostava de iogurte, que ainda hoje adoro, e ovo estanado (estrelado). Só almocei uma vez no refeitório da escola. Depois vinha a correr almoçar a casa. Agora como de tudo e então quando não sou eu a fazê-lo ainda é melhor. Claro que há coisas que gosto mais que outras!
ResponderEliminarClara: iogurte??? Deus me livre!
ResponderEliminarVomito só com o cheiro! lol
Gasper: a culpa é toda da minha mãe! :P
ResponderEliminarNão és única assim, não te preocupes.
ResponderEliminarEmbora eu coma quase tudo que vejo num prato que goste, sou é esquisito. Peixe, muito pouco, carne, não pode ter gordura, etc. E por isso fui castigado. Como? Bem, estou escrevendo isso morto lá do Céu, é que Jesus matou-me.
Dino,
ResponderEliminarTu não me digas que punhas comida no lixo?! Jesus matou-te! Mas não te levou consigo... mandou-te lá p'ra baixo... :P
Mesmo assim ele foi porreiro e levou-me pra cima. É que foi só uma cheeseburguer que meti no lixo. Se tivesse sido um Big Mac, não sei se me safava. E quem diria que eu apanho rede wireless tão bem aqui no Céu?!
ResponderEliminarFogo! Um Big Mac era bem coisa para ires fazer uma visitinha a Belzebu...
ResponderEliminarWireless?? Vive-se (morre-se) bem, aí em cima... ;)
Vai uma troca?
ResponderEliminarDou-te um bocadinho do meu apetite e tu dás-me um bocadão da tua falta de apetide...
Boa?
É, adoro iogurtes. E sabes o que eu fazia? Era a primeira a chegar à mesa para ver o que estava no meu prato e que não gostava, ou seja, praticamente tudo. Distribuía pelos pratos do meu pai e mãe, senão, engolia sem mastigar. Felizmente que o meu pai me obrigou sempre a comer de tudo!
ResponderEliminarOpah...eu queria tanto, mas tanto ter um bocadinho da tua falta de apetite!!!
ResponderEliminarMas em pequena tambem era dificil...bastante ate!
Mas mudaram-se os tempos, mudaram-se as vontades, e hoje sou um bom garfo...
Tenho uma prima (como irma) que tem 23 anos, e vivi com ela imensos anos, e digo-te, nunca vi aquela rapariga comer com prazer...nunca!
Corisca,
ResponderEliminarAceito a tua proposta. Quando concretizamos o negócio?
Clara, gostei da tua técnica! Grande ideia essa, de dividir os males pelas aldeias! :)
ResponderEliminarAo contrário do teu pai, a minha mãe incutiu-me um péssimo hábito: quando eu fazia birras por não gostar de uma comida qualquer, ela dizia logo que me fazia outra. Tudo para ver se eu comia qualquer coisa!
Kristianna,
ResponderEliminarComer com prazer não é bem o termo mais adequado, mas... posso dizer que às vezes tenho uma ou outra refeição que não são um completo martírio. LOL