terça-feira, 31 de dezembro de 2013

2013 numa foto

Feliz Ano Novo, Niki!



http://osexoeaansiedade.blogspot.pt/2013/12/2013-numa-foto-17.html?showComment=1388453890284#c8495101931032917194

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Eu tinha um cachorro preto...



Half down...


Já atingimos metade. 
20 semaninhas já cá cantam. :)

terça-feira, 12 de novembro de 2013

TPM

O meu humor faz parecer constantemente que o período está aí a chegar.
TPM elevado ao expoente máximo! Ora grito, ameaço e tenho vontade de partir coisas e matar gente... Ora choro que nem uma tola. :P

Isto está muito volátil para estes lados...



segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Damn you, hormones!

15 semanas e 1 dia.

Uma barriga que em 3 dias se tornou gigante e enjoos que não passam.
Começo a ver que vou ser uma daquelas "sortudas" que levam nisto até ao fim... Dormi a sesta, acordei esfomeada, lanchei torradas com manteiga (que novidade...) e depois fui vomitar tudo. Seguiu-se um ataque de choro, por todas as razões e por razão nenhuma. 

Efeito secundário da gravidez: fiquei parvinha de todo!


sábado, 9 de novembro de 2013

14+6

É... Acho que isto aqui vai virar um diário da minha gravidez. Aguentem-se à bronca!
Não estará, no entanto, repleto de informações coisinho-fofi (como diria Titia Pólo Norte), até porque de fofinho isto não tem tido nada até agora. :P

Amanhã completamos 15 semanas de gestação. Acabei de entrar no segundo trimestre e este bebé já me dá quase tanto trabalho como se estivesse cá fora.

Eis o rescaldo:

Os enjoos nunca mais passam. Ontem estive maldisposta (mesmo!) desde que acordei de manhã até ter posto os dedos à boca pelas 20:00. Péssimo! Se antes me apercebia que a má disposição era equivalente a fome (o organismo fica estúpido e deixa de dar sinal de fome para passar de vez às dores de estômago), agora empanturro-me e não resolve. Ontem tentei lidar com o problema comendo pouco a pouco: cereais, fruta, sopa... Parece que não fazia a digestão e que ia ficando tijolo em cima de tijolo. Às tantas, desesperada já e farta de estar na cama a ver se me passavam as náuseas, levantei-me, debrucei-me sobre a sanita e toma que lá vai disto. Três jactos de vómito que me deixaram sem forças e toda a tremer. Demasiada informação? Amanhem-se, que o pai da criança teve que ouvir tudo mesmo ali ao lado e juro que não era um cenário nada glamouroso... :P

Seria de esperar uma sensação de alívio, certo? Não. Voltei para a cama ainda maldisposta e a arrotar. WTF? Quase chorei de desespero. Subitamente as dores tornaram-se mais intensas e comecei a pensar em comida. Again: WTF?! 
"Ora deixa cá ver... Sopa de tomate: acabei de a vomitar. Deus me livre! Croquetes com esparguete: comi ao almoço e nem pensar em ver carne novamente. Almôndegas com arroz frito: é carne; não consigo. Cereais? Já não posso com aquele mel dos Golden Grahams... porque me tiraram os meus Chocapic?!".
Plim! Fez-se luz. Pão com manteiga. Dores terríveis de estômago e uma vontade imensa de comer pão com manteiga... Marido lá saiu de casa para ir ao hipermercado comprar pão. O homem a caminho e ligo-lhe para trazer bananas. Deu-me o desejo de comer pão com manteiga e banana, a minha refeição favorita desde que me lembro que sou gente. Consiste tão simplesmente numa sandes barrada com manteiga e recheada com rodelas de banana e era o truque da minha mãe quando eu não queria comer mais nada.
O homem chega a casa e eu contorço-me toda com dores. Tenho vontade de vomitar outra vez. Aparece-me então com duas sandes, às quais me agarro como se não comesse há 15 dias. Gente! Isto não é normal!!!

Aversões: azeite. Não consigo pensar nisso, sequer, que se me dá uma volta ao estômago. Fico doente só de imaginar pratos que tenham sido confeccionados com azeite. Muito ou pouco. Argh! Conclusão: carne ou peixe... dispenso, obrigada. Mas faço um esforço! É que por mim passava o dia a fruta.

Enjoos à parte, continuo magrinha, mas já recuperei os 1,5 kg que havia perdido no primeiro mês. Foram todos para as mamas, parece-me... Os meus soutiens sexy foram substituídos por tops reforçados daqueles de usar no ginásio. São a única forma de me sentir confortável. A barriga começou a dilatar e já estou a usar cinta de gravidez, daquelas com suporte elástico na zona do baixo ventre. Suporta-me o peso incrível que já sinto e um ligeiro desconforto nas costas. Com esta barriguinha já não tenho posição... imagino com uma barriga de 8 meses...! Já não consigo dormir de barriga para baixo e já preciso de uma almofada para me ajudar nas mudanças de posição. Tenho uma daquelas em forma de triângulo (pirâmide, talvez) que se tornou uma grande amiga nesta última semana.

Já não consigo dobrar-me para a frente como antes. Tenho de abrir as pernas e agarrar na barriga para me baixar. Sinto pseudo-dores menstruais. É o útero a crescer para acomodar o bebé e rasgam-se-me as entranhas. Parece-me que a cria vem grande, pois esta zona da barriga (baixo ventre) está duríssima, como se o bebé estivesse mesmo aqui em baixo a ocupar todo o espaço que pode. Quando lhe toco é como se tivesse levado pontapés, de tão dorida que me sinto.

As insónias continuam, com dias a adormecer por volta 4:00 da manhã e outros pelas 00:00. Já não sinto tanto sono durante o dia, porém. Os enjoos não deixam, verdade seja dita...

A minha pele está um nojo. Tenho mais borbulhas agora do que durante a adolescência inteira. O cabelo cai-me que nem folhas no Outono, mesmo depois de lhe ter pregado uma grande poda. O olfacto está apuradíssimo, o que não é uma coisa boa, pois agora identifico cheiros onde provavelmente nem os há... A visão piorou. Estou míope como quando tomava Sertralina. Vejo novamente a televisão desfocada e sinto necessidade dos óculos quando conduzo. Não os posso usar pelos simples facto de terem as lentes todas riscadas pelos dentes da Emma... Não perguntem.

Roupa: ainda não tenho corpo para usar roupa de pré-mamã e as minhas calças ainda me servem. Isso é péssimo, na verdade. É que não consigo usar roupa justa sem me sentir sufocada. Trocava já as t-shirts e camisas por túnicas largas. Mas ia parecer vestida por alma de alguém.

Em suma: não estou a achar nada engraçado este suposto estado de graça...




segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Há coisas que me tiram do sério!

E são muitas, é verdade. Tenho um feitio difícil...

Mas existem algumas em especial que despertam o meu instinto homicida. Como a estúpida da gaja que andou a "criar" a filha por dois anos na bagageira do carro. Vaca de merda! Todos os insultos de que eu me possa lembrar são poucos para um lixo daqueles!

Escrevi este post há cerca de 1 ano... mas infelizmente mantém-se actual. :( 


3 meses

São quantos alcançamos hoje. 
14 semanas e 1 dia.

Vejam só que coisinha linda! :) Estou tão, mas tão babada! 



terça-feira, 29 de outubro de 2013

Dilema de consumo

Compro ou não compro uma Bimby?
Agora com o(a) bebé a caminho, é um bom investimento ou estarei a deitar dinheiro à água?
Devo ponderar a Yämmi ou é chinesice? E sim, eu já li os estudos comparativos... Quero é uma opinião de quem sabe!


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Dormir?

Tem sido assim...


Se nas primeiras semanas o sono atacou em força (que moleza o dia todo, meu Deus!), agora abandonou-me por completo. Eu durmo... mas é como se não o fizesse.

É um sono levezinho, perturbado pelo mínimo movimento. O marido mexe-se e eu acordo. Fecho os olhos, volta a mexer-se e acordada estou. Não consigo descansar. O cérebro nunca chega a desligar. Acordo como se nunca me tivesse ido deitar...

Primeiro trimestre: passa depressa, por favor!

domingo, 27 de outubro de 2013

13

É o número de semanas de gestação que completamos hoje.
E para comemorar, nada como um dia repleto de enjoos, sem 5 minutos de pausa desde que acordei, a arrotar um boi que não comi... 
A cereja no topo do bolo? Acabei de vir do wc, onde me esvaí em vómito. Não foi bonito de ser ver, não senhor. Ainda estou toda a tremer... Que nojo!


sábado, 26 de outubro de 2013

Já posso contar!


Das insónias

Sabeis o quanto gosto de dormir, não é, criaturas?
Imaginam, portanto, o quão feliz me sinto por estar acordada desde as 05:00 da madrugada... num sábado!
Pior... Ter adormecido só por volta das 02:00, no sofá, depois de um esforço tremendo! Acordar com um misto de náusea e de fome... Estar cansada e aborrecida e não conseguir pregar olho. Ter a sensação de que o cérebro não chegou a parar hoje...
Antever um dia com humor de cão...

Aiiiii!


sábado, 21 de setembro de 2013

Sabes que és maluquinha de todo quando...

... O Maridão encontra a tua psiquiatra, esta pergunta-lhe por ti, ele responde que andas bem e ela sai-se com um: "A Carlinha é uma pessoa muito especial...", sorrindo.

Oi? Hein?

Protegei as crianças das escadas!

E os cães também!

Sim, segundo o próprio veterinário, a Emma precisa de ir à bruxa. Não é que me caiu das escadas, o demónio? Rolou literalmente desde o último degrau até cá abaixo! Só me apoquenta...!

Estou eu sentada na sanita a fazer um xixizinho (too much information?), quando ouço Maridão subir as escadas, seguido de umas patinhas minúsculas. Ouço "Emma, Emma!". Pum, pum, catrapum e eu mando um berro que se ouve a km de distância (mais tarde a vizinha de baixo confessou que ouviu o meu grito, mas que pensou que eu estava a brigar com a cadela), corro para fora do wc de cuecas em baixo (visão dantesca, eu sei) e agarro na bicha. 

Filho da puta de cagaço! Desatei num pranto enquanto a apalpava toda a ver se estava inteira e com tudo no sítio. Pareceu-me tudo bem e recompusemo-nos as duas do susto. Passado um bocado, começou a coxear. Não me deixava tocar na perna (pata traseira, pronto!) direita. Fizemos gelo. Dormiu connosco. No meio dos dois. Para a irmos vigiando. E aqui os dois tolos com o coração nas mãos.


Na manhã seguinte fui levá-la ao meu irmão para ir com ela ao veterinário enquanto eu tinha que ir trabalhar. Radiografia (giríssima!), apalpação, nada partido, suspeita de luxação (o que seria grave e obrigaria a cirurgia), injecção de anti-inflamatório e comprimidos para tomar nos quatro dias seguintes. Depois da intoxicação por laxantes na semana anterior, lá deixei mais uns bons euros na clínica.

Tratada como um bebé, a comer sopinha (que adora!) e a receber mais mimos do que nunca, cheguei à conclusão que é uma fiteira do caraças e que ficou boa bem mais depressa do que nos mostrou, só para lhe fazermos as vontadinhas todas. Pois o certo é que não ganhou medo de subir ou descer as escadas e comporta-se como se nada tivesse acontecido...


Eu não ganho para estes sustos!

P.S. - Não temos filhos, mas Maridão pensa em pôr uma cancela na dita escadaria...


Sobre a televisão portuguesa


sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Olá e até já

Tenho coisas para postar, pescadas para arrotar e cenas para dizer, mas agora vou só ali dormir a sesta, sim...?


terça-feira, 27 de agosto de 2013

Manter longe do alcance das crianças... e dos cães!

Sábado de manhã apanhámos mais um susto do caraças aqui em casa!
Maridão acordou com as galinhas, como de costume, e com eles, Miss Emma. Passado um bocado, deu-lhe novamente sono e regressou para o meu lado, tenho deixado a princesinha leve, livre e solta pela casa, com a porta do terraço aberta para que pudesse circular, correr, brincar... A doideira do costume.

Duas horas depois acorda-se-me o homem e levanta-se par ir ter com a bicha, enquanto eu permaneço no meu Vale dos Lençóis (deixem-me dormir!!!). Só ouvi: "Ih, Carlinha! A desgraça que está aqui feita! Anda cá depressa ver isto! Como é que vai ser?!"
Corro para junto dele e ele também vem na minha direcção, aflito. Encontrámo-nos a meio caminho e verificámos que a embalagem de Dulcolax (Maridão está de dieta há 3 semanas e com "retenção sólidos") que inicialmente jazia sobre a mesinha do telefone se encontrava totalmente destruída e que as lamelas que continha estavam vazias, sem comprimidos... Contámos: 14 comprimidos a menos. Fui para o terraço ver se os encontrava pelo chão. Não era a primeira vez que a Emma me roubava uma caixa de medicamentos, mas nunca me comera os comprimidos, limitando-se a rasgar a caixa. Nem um! O chão estava limpo. A maldita ingerira-os a todos. 14 comprimidos. Laxantes. "Bonito!", pensei eu. E pus-me aos gritos: "Não estás preparado para ser pai! Não tens nenhum sentido de responsabilidade! Deixaste os comprimidos ao alcance dela! Ainda não podemos ter bebés!"...

"Liga para a veterinária!", berra-me ele enquanto se agarra à cadela aos beijos e diz: "Esta corisca ainda me vai morrer!". Lá faço a chamada e a mulher manda-me dar-lhe água oxigenada a beber, para ver se vomita. Caso contrário, teríamos que ir com ela ao consultório para fazer outro tipo de tratamento. Agarramos na cadela, enfio-lhe 3 goladas de água oxigenada pela goela abaixo enquanto me arrepio toda só de ver a cara de aflição dela e de pensar no sabor horrível que aquilo deve ter. A bicha foge-nos e vai até ao nosso quarto (o seu cantinho de conforto). Pensei que aquilo demorasse uns minutos a fazer efeito, mas afinal é instantâneo. Cenário: Emma a vomitar em cima do meu endredão branco (!), dos meus lençóis... Deixei-a terminar o serviço e fui analisar o vómito (que glamouroso!). Não vislumbrei quaisquer comprimidos e, atendendo ao lapso de tempo passado, pensei que o mais provável era os mesmos já terem sido absorvidos pelo organismo dela.

Vestimo-nos à pressa (nem duche tive tempo de tomar, Deus do céu!) e seguimos para a Clínica Veterinária. Maridão aflito. Afinal, como ele próprio pôs as coisas, foram dois sábados seguidos a correr com as meninas da casa para as urgências. Fomos imediatamente atendidos assim que chegámos e, com a Emma a tremer da cabeça aos pés (desde a cirurgia que fica assim sempre que lá entra), a veterinária a fê-la beber, via seringa, Carvão Activado líquido. Fez-lhe, portanto, uma lavagem ao estômago. Boca da Emma preta, mesa preta, Carlinha preta... Aproveitámos para lhe cortar as unhas - o escarcéu do costume: bicha aos guinhos, a trepar por mim acima e ninguém a conseguir aguentá-la (tenho o peito, as costas e os braços todos arranhados). Ainda houve tempo para lhe diagnosticar uma otite e aplicar-lhe o devido tratamento.

Com a carteira ligeiramente mais leve, viemos para casa com o aviso de caganeira certa até segunda-feira. Não sei o que se passou, mas sei que ela fez apenas um cocó mais molinho quando chegámos a casa. Não teve diarreia e não voltou a vomitar. Menos mal. Pregou-nos foi o susto das nossas vidas e fez com que Maridão levasse um sermão daqueles.

Lembrem-se: para além dos filhos, quem tem cães mimados como eu, tem cadilhos!





segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Carlinha e o Serviço de Urgências

Dezassete de Agosto de 2013.
Um sol de arrasar. Calor a rodos!
Maridão a fotografar um casamento (só a cerimónia). Carlinha a preparar-se para ir sozinha à praia.
Vontade de urinar, seguida imediatamente do devido encaminhamento para o wc. Carlinha sentada na sanita, algo no lado direito do ventre parece explodir de repente. Dores, dores, dores.
Levanto-me e vou até à cama, onde descansava Miss Emma. Deito-me e logo me levanto. As dores são horríveis. Volto ao wc. Sento-me. As dores são imensas. Volto para a cama. Ponho-me de joelhos. As dores são insuportáveis!
Choro, agarrada à barriga. A Emma, aflita por me ver assim, lambe-me repetidamente a cara. Só consigo pedir-lhe, entre lágrimas e suores frios, que se afaste. Transpiração, choro alternado com gemidos... "Apendicite! Só pode ser apendicite. Esta merda rebentou e tenho que ir ser operada!"

15h30. A cerimónia terminou agora mesmo. Ligo ao Maridão e a soluçar de dores peço-lhe que me leve ao hospital. O homem conduziu a 140 km/h e em menos de 5 minutos estava em casa. Carlinha, de roupa de ginástica e havaianas nos pés, só tem tempo de agarrar na mala (uma das novas, compradas com CoriscaRuim por ocasião da ida à Primark - se é para ir para o hospital mal vestida, ao menos que os acessórios sejam de jeito!) e segue para o carro. Banco reclinado, Carlinha semi-deitada. Maridão desta vez conduz a 160 km/h (se tivéssemos ido no MEU carro como ainda tive tempo de pedir, podíamos ter seguido a 200 km/h... :P) e com os quatro piscas ligados. Não sei se hei-de ter as pernas esticadas ou encolhidas... Matem-me já!
Como bom psicólogo que nunca seria, diz-me, nervoso, enquanto seguíamos viagem: "Se isso for apendicite, podes morrer disso. Sabes, não sabes? Prepara-te para ires já para a cirurgia...". Uma pessoa normal tentaria acalmar-me, dizer-me que ia ficar tudo bem. Mas não. O melhor mesmo é preparar-me para a morte...

Pneus do carro guincham com a travagem à porta das Urgências. Auxiliar dirige-se a mim com cadeira de rodas. Eu choro e choro e choro de dores... Maridão fica a fornecer os meus dados de identificação no guichet de entrada e eu sigo de imediato para a triagem. Enfermeira novinha a olhar para mim como um burro para um palácio. "O que é que a senhora tem...?", pergunta numa voz arrastada. Entre gemidos e a chorar compulsivamente, vocifero um "Estou a morrer, dói-me tudo, dêem-me drogas!". Ainda me veio ver a febre com a maior das calmas e pôs-se a escrever no computador "Paciente muito queixosa...". Puta que a pariu! Só não me levantei porque não podia. Mandei um berro e alguém veio empurrar a cadeira de rodas até uma sala com, pelo menos, 4 enfermeiros e 2 auxiliares. Toda eu tremia e transpirava. "Quero vomitar!" - estenderam-me um saquinho de plástico. Lancei um olhar que matava se pudesse e virei a cara, mostrando que não ia perder a (pouca) compostura que me faltava ali. 
"Onde é que lhe dói?!". Aponto para o lado direito da barriga, mesmo acima da virilha. "Ah, isso é uma cólica renal". Ai, o caralho...! Mas os rins não são cá atrás? Está tudo doido? "Dêem-me qualquer coisa para as dores!". O enfermeiro pede-me para ter calma e enfia-me o cateter nas costas da mão. Quase que levou uma chapada! Eta, que dores! Começo a sentir os membros dormentes e a respiração cada vez mais pesada. "Tenha calma! Você está a hiperventilar. Tente controlar a sua respiração". Apetecia-me era controlar um belo de um banano na cornadura dele, isso sim!

Empurram-me para fora da salinha e puseram-me, com a medicação a pingar-me pelas veia dentro, à mercê de qualquer médico que passasse naquele momento pelo corredor. Aproximou-se logo um que, olhando apenas para a minha cara, me disse "Isso foi um quisto no ovário que rebentou!". Ainda pensei que estivesse bêbado... E a apendicite, gente? Ninguém me apalpa a barriga? Ninguém vê se esta merda está a explodir aqui para dentro? Mandei-lhe um olhar de desprezo e concentrei-me na minha dor. "É desta que eu morro...". E no meio disto tudo, Maridão na sala de espera, que a política do hospital agora é a de não deixar entrar acompanhantes nas Urgências. Filhos da puta.

Dez minutos a revirar-me na cadeira de rodas e a medicação começa a fazer efeito. Olho para o balão: "Tramadol 100 mg". Não faço ideia do que é aquela merda, mas está a dar-me uma pedra do caraças. Tento escrever um sms ao Maridão, mas juro que adormeci por uns 15 segundos e a coisa só saiu à quarta tentativa... Meia hora depois estou a sentir-me melhor. Um ligeiro desconforto nas costas. Querem ver que afinal é a cólica renal de que o outro falava? Continuo à espera. Passa a snob da enfermeira. Pergunto-lhe o que é que ainda estou ali a fazer. "Aguardamos o resultado das suas análises para o Sr. Dr. as poder ver". "Posso levantar-me para ir à casa de banho, pelo menos?"."Ah, sim. Já agora traga um copinho de urina para mandarmos para analisar". Como é que é?! Agora é que esta atoleimada me pede a urina? Ainda a vão mandar para análise? Isso significa mais uma hora à espera, pelo menos... Deus me acuda!

Fui ao wc. Vim. Haviam-me roubado a cadeira de rodas. Uma auxiliar viu-me em pé com o balão do Tramadol na mão e uma cara de quem está capaz de matar pessoas e foi-me buscar outra. Sentei-me e esperei. Fui ao wc outra vez. Voltei para a minha cadeira (desta feita, ainda lá estava!). Continuei a esperar. Entretanto havia ficado sem bateria no telemóvel. Que seca! Mas porque é que eu não me lembrei de levar um livro?! Note to self: tenho que voltar a andar sempre com um livro na mala. Vi gente chegar e ir-se embora. Outros a serem internados. E eu sempre ali...
Chega, finalmente, um médico. Dá-me duas pancadas nas costas (rins?) e pergunta-me se dói. Mordi a língua para não responder "O que é que achas se eu te espetar dois murros no lombo, oh meu animal?!" e disse apenas que não era ali que estava o problema. "Sabe... é que as suas análises estão óptimas. Não estão muito boas... estão perfeitas, mesmo. Tenho que a mandar para o Bloco de Partos para ser vista pelos meus colegas da Ginecologia porque eu não sei o que é que você tem.". Minha Nossa Senhora!

Uma auxiliar agarra na cadeira de rodas, empurra-me para o elevador e avançamos para o desgraçado do Bloco de Partos (isso depois de me terem perguntado, desde que entrei, umas 20 vezes se estava grávida e de me terem feito, na análise ao sangue, o devido teste de gravidez...). Enfermeira sonsa atende-me. O que vale é que já não tinha dores... Conto a minha história. Novo teste de gravidez (aquilo é que foi urinar naquele dia!). Vai chamar a médica. Bloco de Partos em silêncio e completamente vazio. A lua não deve ter estado a favor, porque não havia parturientes aos guinchos. Parecia que estava numa ala fantasma do hospital. Chega a médica. Carlinha repete a história toda. Avisa que tem ovários policísticos diagnosticados há séculos. Médica inicia ecografia. Confunde ovário direito com esquerdo (hein?!). Diz-me que tenho o útero em retroversão (oi?). "Ai, preciso que vá encher a bexiga para ver melhor". É hoje que me torno uma mass murderer... Dão-um um jarro com 1,5 l de água e mandam-me tocar à campainha quando sentir a bexiga cheia. Por pouco não vomitei a puta da água.
Nova eco. "Ah, afinal o útero não está nada em reroversão". Reviro os olhos para não a chamar burra. Ovário direito, ovário esquerdo, folículos, quistos vários, ovário direito, não: esquerdo. Espera: direito. Mãããeee!!! "Preciso que agora vá esvaziar a bexiga". Decide-te, minha anta! Xixi fora, Carlinha deitada na marquesa novamente, de pernil completamente escanchado. Entretanto entra a enfermeira sonsa sem sequer bater à porta, olha-me para a "coisa" (um bocadinho de privacidade para a minha genitália, pode ser?) e diz-me que já me pode tirar o cateter da mão, pois já não há medicamento no balão. Saca daquela merda com força, aquilo esguicha sangue, manda-me pressionar com algodão como se nada fosse e mete-me um penso naquela bosta cheia de sangue, mesmo. Profissionalismo, hein?
"Vou fazer-lhe uma ecografia vaginal" - dispara a médica. Vejo a vida a andar para trás enquanto a mulher se põe a lubrificar o raio do instrumento (gigante!). Não custou muito, mas eu dispensava, obrigada. Voltou a trocar os ovários (são só dois, caramba!), mas lá alcançou o diagnóstico: um quisto rebentou e estava ali o líquido no Fundo de Saco. No problemo! "Organismo reabsorve! Muita água, muito repouso, Paracetamol e nada de relações sexuais nos próximos tempos. É normal. Pode dar-se de um momento para o outro. Pode voltar a acontecer com qualquer um dos outros quistos". Oh, que naturalidade...! Toma lá a alta. Vaca! 

São 20h30 e precipito-me porta das Urgências fora (não sem antes me ter enganado 3 vezes no andar enquanto tentava sair do elevador). Pago as taxas e sigo para casa. Uma semana de cama. Uma semana! :P

Aviso aos restantes quistos: lembre-se mais algum de rebentar e eu arranco-vos à dentada um a um. 
Ah! E se aquilo que eu senti se assemelha minimamente a um trabalho de parto, já não quero ter filhos, ok?
À Sra. Enfermeira que me tirou o cateter: vá à merda que ainda tenho a mão feita num oito!





  

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Ontem à noite

Depois de uma semana de molho (a devida explicação segue noutro post), o aborrecimento ontem à noite era tal que roçava o desespero...

Um calor que não se podia (essa coisa do InstaWeather está na moda, mas é fiável? É que 28 ºC às 00:15 em S. Miguel é um bocado estranho...), uma inquietação tamanha, irrequieta como tudo...



Maridão ressonava no sofá... Emma ressonava no chão... Na televisão nada de jeito. Não me apetecia estar no computador. O meu íntimo adivinhava uma noite de insónias, por mais que lesse e relesse as mil e uma obras que tenho em lista de espera...

Fez-se luz! ;) Desci as escadas sorrateiramente, preparei um Baileys com três pedrinhas de gelo e fui buscar os cigarros à mala. Já não fumava há imensos dias!!! Como não encontrei os comprimidos para dormir (que só tomo em SOS, por isso estão refundidos num sítio qualquer), achei que o álcool era um bom substituto.

Ála, que se faz tarde! Sozinha, no terraço, às escuras, bebi um bom licor e fumei um cigarrinho que me soube maravilhas. Brindei a mim própria e ao futuro incerto.




A vida é feita destes pequenos momentos!

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Ai, que me mijo!

Sou açoriana de corpo e alma, com todo o orgulho deste mundo! 

Ser-se aqui das ilhas não é só viver de Kimas e bolachas Mulatas. É também levar com os primos "calafãs" (que TODAS as famílias têm, sem excepção!) no Verão, tal como os Continentais levam com os "avecs". Falar com eles por telefone. Mandar encomendas com produtos típicos e receber quinquilharias "por portador". É uma relação amor-ódio, muitos dirão. A mim, faz-me rir até se me dar vontade de urinar pelas pernas abaixo.

Esta geração mais nova está demasiado americanizada, mas os filhos dos emigrantes nos EUA e Canadá nascidos nas décadas de 70 e 80 ainda possuem uma mistura de valores e gostos que me fazem as delícias. :) O português atabalhoado, misturado com o inglês, as expressões que mais não são do que palavras inglesas adaptadas à língua portuguesa, a paixão pelo Benfica, as tradições da terra dos pais transpostas para a América do século XXI... Adoro! :)

Estes miúdos são filhos de açorianos e nasceram nos EUA. Gozam com esse facto. E fazem-no com mestria. Vejam os vídeos um a um. Imperdível!






Vassalagem e Senhores Feudais

Sou fã d'A Criada Malcriada. Fã, mesmo. ;)

A pobre de Cristo de malcriada não tem nada. Tem tanto quanto de massa cinzenta, digamos assim.
Já a Senhora... bem, a Senhora... Frescuras, racismo, xenofobia, elitismo e todos os defeitos que lhe possamos apontar à parte... Adoro-a! É qualquer coisa de fantástico! Simplesmente genial, o autor (sim, cheira-me a humor com testosterona).

O skecth de hoje fez-me render por completo! Então não é que a Senhora é meio morcego, como eu? Dei uma gargalhada sozinha quando li a tira, pois imaginei-me a mim própria, de manhã cedo, a resmungar: "Que luz toda é essa a entrar-me pela vista dentro, Senhor?! Os meus óculos de sol, se faz favor!".

Espectacular! :D




Tal e qual uma criança

Estou em casa "empalamada" desde sábado - karma's a bitch e eu depois explico porquê.

Que bom para a Emma, ter companhia todo o dia! Só que a corisca é eléctrica e eu não lhe acompanho a pedalada (parecida comigo? hein?). Conclusão: deixei-a na cozinha (aka canil) enquanto vim dormir o sono dos justos durante a tarde (tenho que recuperar as horas que não dormi por causa d'A Festa da Ana). Calma! Deixei-lhe a porta que dá acesso à varanda e à marquise aberta, para ela poder circular um bocadinho e arejar. 
Quando me levantei, vi que a menina adormecera na varanda, ao sol, e que da marquise saiam bocados de tudo: terra, pastilhas Calgon... Eu tinha estendido roupa e deixado a porta da marquise aberta para que pudesse secar mais depressa. A Emma, na minha ausência, abriu o armário dos produtos de limpeza (sim, ela abre armários, malas de viagem e bolsas de portáteis sem deixar sequer impressões digitais - mas isso é coisa para outro post), rasgou a embalagem de Calgon, espalhou as pastilhas, foi-me ao vaso do hortelã morto e esgravatou a terra toda... Uma cagada só!

Se ela já estava a precisar de um banho, hoje não pensei duas vezes: banheira com ela! Nada dessas mariquices à la veterinário de dar banho aos cães umas 4 vezes no ano. Se a bicha dorme no meu sofá e na minha cama, tem de estar tão limpa como eu, ora pois! Soube-lhe bem o banho, com certeza, pois parecia consolar-se enquanto eu a enchia de shampoo e a deixava repleta de espuma. Pois é... a banheira é dos poucos sítios onde consigo que sossegue...

Lavada, enxuta e seca (com o secador, claro!), deixou baixar a criança que há em si e fez a maior birra de todos os tempos: queria os meus chinelos, rosnou-me porque eu não lhos dei; não me deixou cortar-lhe as unhas; correu a casa toda que nem louca a tentar espantar o sono... Ainda tentei acalmá-la e fazê-la adormecer (sim, eu mimo-a muito!), mas não foi, de todo, possível. A melhor táctica? Ignorá-la.

Fui dar por ela deitada pelos cantos da casa. Enquanto eu própria tomei banho, deixou-se ficar no chão do wc, pasmada... Fui vestir os pijamas para o quarto e deitou-se no corredor, debaixo do cadeirão... Fui à cozinha jantar uma sopa, deitou-se aos meus pés... Vim para a cama e seguiu-me, refastelando-se como a princesa que é. Quando o Maridão veio para o meu lado, agarrei na menina, já de olhos fechados, e fui deitá-la na sua caminha com um "Dorme bem boneca. Adoro-te!", seguido de beijos repenicados.

Bebé precisa-se nesta casa. Com urgência.







(Desculpem lá os olhos vermelhos da bicha, mas como os tem verdes, o flash faz-lhe sempre isso nas fotos e eu não tenho grande paciência para edição de imagem...)


terça-feira, 20 de agosto de 2013

Makeover (inside out)

Este "coiso" estava a precisar de uma mudança de visual. Arranjar o cabelo, mani-pedi, maquilhagem elaborada... Parecer gente bonita, que sempre do mesmo também cansa!

Há dias em que a última coisa que nos apetece é dar a cara, falar, escrever... Eu, por exemplo, tenho tanto para contar/criticar/analisar, mas ando tão amorfa que pareço uma "maria mal-amanhada" (literalmente!). Porém, depois das coisas que soube hoje, cheguei (finalmente!) à conclusão de que não deve ficar nada por dizer, nem por fazer. É que a vida são MESMO dois dias, minha gente! Precisamos vivê-los ao máximo! Hoje estamos aqui (tristes ou felizes, tanto faz), mas amanhã podemos não estar. Por isso, agir bem ou agir mal... já me estou é a c@g@r. Precisamos é de nos mexer! Começo pela minha vida... 


Cabeça erguida, peito cheio e sangue na guelra! Carpe Diem!


segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Parada no tempo

Este blog estagnou, mas quando voltar à carga, terão material para ler durante dias...!

Ainda nem descarreguei para o computador as fotos d'A Festa da Ana! :P Tenho tanto para contar e muita felicidade para partilhar! O evento foi um sucesso e eu adorei fazer parte dele! Conheci gente fantástica e apercebi-me de que em 3 dias podes dar por ti a achar que conheces uma pessoa há 20 anos. Aquela história do "24 sobre 24 horas" típica dos concorrentes do Big Brother não é assim tão descabida...

Os últimos tempos têm sido uma roda viva e ainda não consegui parar para recuperar. 
Respirar fundo, é o que eu preciso!




sexta-feira, 2 de agosto de 2013

...

Sinto-me deprimida, hoje. :(
E nem o facto de ser sexta-feira está a ajudar. 
Eu não quero andar para trás, pleeeeaaaaase!




quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Pronto!

Fui eu!
Cheguei há bocado a casa com os azeites e nem pensei. Do alto dos meus tacões de 12 cm, virei-me para o raio da bicha e mandei-lhe um pontapé porta fora. 
Ficou uma asa atrás, mas isso agora não interessa nada... :P



A lei do menor esforço

Cheguei a casa já passava das 20h30.
A puta ainda lá estava. Mas já não se mexia.

Querem apostar que amanhã de manhã continua no mesmo sítio? Não há um sacana de um vizinho que dê um pontapé naquilo para a rua? Eu é que não o faço... Livra!!!

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Da imortalidade

Odeio baratas. Não é novidade.

Por causa do calor, as malditas começaram a aparecer. Não lá em casa, que felizmente o ano passado tivémos a brilhante ideia de chamar um senhor para andar lá a esguichar um spray milagroso (nada de Baygon ou DumDum ou armadilhas do caraças; uma cena industrial, mesmo!), mas no parque de estacionamento e, consequentemente, na entrada do prédio.

A minha vizinha de baixo ainda é mais paranóica do que eu no que toca aos malditos bichos (eu compreendo-te, querida!) e encarregou o marido de espalhar um pó branco na porta de entrada do prédio, na porta de entrada do apartamento deles (está lá uma cagada bem feita! Nem deixou escapar a ombreira da porta. LOL) e em zonas estratégicas do parque.

Segunda-feira à noite cheguei a casa pelas 22:30 e lá estava uma, atrás da porta de entrada do prédio, de barriga para o ar. Comeu o pó, a desgraçada. Anda!
Ontem de manhã saí para trabalhar e ela ainda lá estava. Ao fim do dia, quando cheguei, o mesmo cenário.

Hoje, desci as escadas e nem me lembrei da bicha. Quando fui abrir a porta, olhei para o chão e lá continuava ela. Só que mexia as patas, o demónio! Três dias depois e AQUILO ainda está vivo. Não, não era uma barata diferente. Era a mesma. Estava EXACTAMENTE no mesmo sítio e eu sei que niguém lhe vai tocar até a empregada ir lá limpar as áreas comuns.

WTF? 
Ca nojo!!!!!


terça-feira, 30 de julho de 2013

Competir a escrever #9

À 9ª jornada deram-nos este tema: "Escreva sobre uma das mais difíceis decisões que teve de tomar na sua vida."

A Claudiamar escreveu esta versão tocante.

Eu fiquei-me por um romance soft porn digno de figurar nas páginas centrais da Revista Maria.


Sempre fomos um casal discreto. De poucas saídas e noitadas, apreciadores do nosso sossego e privacidade. Estávamos casados há 4 anos e havíamos namorado uns outros tantos. Conhecíamo-nos de cor, portanto.
Dávamo-nos muito bem com o Paulo e a Ana. Aos fins-de-semana juntávamo-nos sempre em nossa casa ou na deles para jantarmos e passarmos o serão juntos. Também ainda sem filhos, eles haviam optado, contudo, por uma relação mais liberal, sem papéis a servirem de amarras.
Num sábado à noite – um daqueles que nos coubera  – depois de uns copos de tinto a mais, decidimos, qual adolescentes, jogar ao “Verdade ou Consequência”. As coisas começaram a aquecer e, já não me lembro bem como, acabámos os quatro semi-nús na sala. Uma coisa levou a outra e o João começou a acariciar-me ali mesmo em frente aos nossos amigos. Eles perceberam a dica e alinharam. Não tardou e estávamos, ambos os casais, a fazer amor em frente uns aos outros, no tapete, nos sofás…
A iniciativa partiu da Ana. Levantou-se e aproximou-se do João. Fez sinal ao Paulo para vir ter comigo. Fui completamente apanhada de surpresa. Termos sexo juntos era diferente do que trocarmos de parceiros. Não tive mais do que dois segundos para decidir. Ou punha cobro à situação naquele mesmo instante e criava um ambiente de cortar à faca, ou avançava e punha em risco a nossa amizade e, muito provavelmente, o meu casamento.
Fechei os olhos e deixei-me levar. Sentir umas mãos diferentes a percorrer o meu corpo levou-me ao êxtase em poucos minutos. A excitação estava ao rubro. Porém, quando me virei e vi o João em cima da Ana, a beijá-la e a penetrá-la, foi como se tivesse levado um murro no estômago.
“Párem!”, gritei. “Esta palhaçada acabou. Vocês os dois: saiam já daqui!”. Ficaram todos a olhar para mim sem perceber o que tinha despoletado a minha fúria. “Saiam, não ouviram?! Peguem na merda das vossas roupas e desapareçam!”.
Fiquei sozinha com o João. Ele olhava-me incrédulo. Escorriam-me lágrimas pelo rosto e só consegui murmurar: “Não foi preciso dizerem-me nada. Bastou-me olhar para vocês os dois e perceber que esta noite não foi a primeira vez.”. Ele ainda tentou balbuciar qualquer coisa, mas interrompi-o: “Vi a intimidade com que partilharam aquele momento. Há sentimentos por detrás daquela simples queca”. João apenas baixou os olhos. “Tens até amanhã ao fim do dia para saíres desta casa”.


domingo, 28 de julho de 2013

Competir a escrever #8

À 7ª semana, foi este o desafio: "Qual será a cor da revolta? Escreva sobre ela."

A versão da Claudiamar foi esta.

Aqui está a minha:


Hoje escapuli-me à reunião da Mocidade Portuguesa. O meu primo João, que já é Cadete, contou-me que o que nos estão a fazer é uma lavagem cerebral e que as coisas não se passam como nos querem fazer crer. As fotografias que projectam para mostrar as atrocidades que os pretos fazem aos portugueses são, segundo o meu primo, falsas. Diz ele que a gente é que lhes foi roubar a terra e que os nossos soldados, antes de regressarem, matam, mutilam e violam apenas por prazer. Os que não sobrevivem deixam por cá as mães a chorar os filhos, que “foram heróis no Ultramar”. Que ultraje! Quer que o acompanhe a um encontro de jovens, mas em segredo. Cheira-me a sarilhos e rejeito o convite.
Os meus pais não sabem que faltei e os meus colegas Vanguardistas estão demasiado concentrados em folhear aqueles folhetos com imagens de mulheres nuas que o Fernandinho levou a semana passada para darem pela minha falta, como miúdos de 15 anos que são.
Às escondidas, espreito pela porta entreaberta do salão paroquial e escuto, em surdina, a conversa do meu primo João e dos amigos dele. Falam alto, põem-se de pé, esbracejam. Têm o rosto ruborizado e parecem-me exaltados. Acho que se estão a arriscar um bocado, pois se alguém sequer sonhar que estão a pôr em causa o regime, vão meter-se em sérios trabalhos. Podem até ser acusados de conspiração contra a Nação!
Ouço um deles falar em “revolta”. Surgem, aleatoriamente, palavras como “revolução”, “armas”, “cravos”, “Abril”. Sinto-me assustado. Apercebo-me de que há um movimento militar ao qual querem juntar-se, mas contra a nossa própria Pátria. Como podem pensar assim? O que aconteceu aos imperecíveis princípios e valores da civilização cristã que sempre nos foram incutidos? Onde está o sentimento da ordem, o gosto pela disciplina e o culto do dever que nos foram ensinados?
Fecho os olhos por um momento e vejo tudo vermelho. Imagino sangue, pessoas a correr e a cair, gritos e dor. Caio em mim e vejo que o ambiente que se sente naquela sala me foi transmitido. Não estive lá dentro, mas sinto-o. Nasceu em mim uma força, uma revolta. 
Se me perguntarem de que cor é, respondo que não tem. A revolta não tem cor. Não tem cheiro, nem tem sabor. A revolta sente-se. Só o tacto dá por ela, pela tensão no corpo de quem a experimenta.

I'm easy like sunday morning


Acorda, come, vai à net, dorme.
Acorda, come, vai à net, dorme.
Again.
Em modo repeat.




segunda-feira, 22 de julho de 2013

Competir a escrever #7

Na 6ª jornada do Campeonato Nacional de Escrita Criativa foi-nos proposto o seguinte desafio: "Recordar e escrever sobre uma das suas mudanças de casa."

A Claudiamar teve esta abordagem interessantíssima.
Eu saí-me com isto:



O meu pai estava na tropa quando disse à minha mãe que casariam assim que saísse dali. Disse, não pediu. Não tinham casa e ela não trabalhava, mas naquela altura e na minha terra era esse o curso normal das coisas: eles já namoravam (à janela) há demasiado tempo e ele queria despachar o assunto. Ela, submissa, assentiu. Sempre deixou que fosse ele a decidir tudo.
O meu pai ainda deu metade do último ordenado que recebeu antes de casar aos meus avós e levou de dote um cobertor e uma imagem da Sagrada Família. Tinha conseguido, no último ano, amealhar o suficiente para comprar um frigorífico e um fogão. Já a minha mãe, um bocadinho mais remediada, levou a mobília do quarto de cama e os pais pagaram-lhe a boda.
Receberam como presentes de casamento licoreiras e bomboneiras, copos com as personagens da novela das nove, lençóis e naperons. E foram viver para casa dos meus avós paternos, onde tinham um quarto, o respectivo espaço na cozinha e acesso à casa de banho e às outras divisões comuns. Nos outros quartos estavam os meus avós, os meus tios e os seus dois filhos e, enfiada no sótão, a minha tia mais nova, ainda adolescente.
Quando a vida o permitiu, os meus pais começaram a construir uma casa. Os trabalhos decorriam em função do dinheiro disponível, ou seja, lentamente. Recordo-me de ouvir a minha mãe referir-se àquelas paredes como "a casa nova" e eu experimentava, então, um sentimento bom. Seríamos só nós. Mas olhava para ela e reconhecia-lhe no rosto um semblante pesado e triste.
Da mudança em si, tenho apenas ténues memórias. Recordo um camião em frente à casa dos meus avós e revejo o meu pai e várias outras pessoas sem rosto a atirarem tudo o que era nosso lá para dentro. O meu berço, as minhas bonecas, as nossas roupas atiradas sem qualquer tipo de ordem ou arrumação. E a minha mãe a chorar. O meu pai tinha bebido e decidido que aquele era o dia.
A entrada na "casa nova" não me traz um sorriso aos lábios. Atormentam-me a confusão que ainda visualizo, a embriaguez do meu pai e a mágoa da minha mãe. Naquele dia houve mais do que uma mudança: a realidade a que assisti destroçou o coração e abalou o mundo de uma menina que tinha no pai o seu herói. 


sexta-feira, 19 de julho de 2013

Competir a escrever #6

O tema da quinta jornada: "A beleza chora até morrer. Explore a metáfora."

A original versão da Claudiamar aqui. :) 

A minha:

Raquel queria ser famosa. Modelo ou actriz, tanto lhe fazia. Sonhava aparecer nas revistas, ir a festas, dar entrevistas e ser vista na televisão.
Era uma rapariga bonita, de uma beleza comum, mas singular à sua maneira. Tinha a pele clarinha, os olhos cor de avelã e um cabelo castanho cheio de caracóis que lhe davam tanta personalidade. No seu íntimo, contudo, degladiavam-se essa beleza e a inteligência emocional que guiava os seus passos, a sua forma de estar na vida. A primeira começava a perder a serenidade porque não gostava do que via. E chorava. A segunda, que tentava manter Raquel de pés assentes na terra, pouco a pouco foi perdendo importância perante aquela beleza insatisfeita e que chorava ansiosa e desesperadamente por mudanças. Não conseguiu pôr-lhe travão. Raquel sentiu-se de tal forma afectada pelo insistente e cansativo choro da beleza que perdeu a ligação que tinha com a inteligência emocional. Adormeceu-a.
Começou por pintar o cabelo de loiro, colocar lentes de contacto azuis, ir ao solário pôr-se morena e injectar botox nos lábios. Pouco depois, já a beleza chorava novamente; queria mais. Queria ser única, extraordinária, exótica. E por isso chorava. Raquel colocou implantes de silicone no peito e fez uma lipoaspiração. Inconsolável, a beleza achava que Raquel ainda não fizera o suficiente para poder alcançar o sucesso e continuava a chorar, diária e copiosamente. Raquel fez, então, um lifting facial e uma rinoplastia. A beleza achou pouco e chorou quase até não ter lágrimas. Queria ser admirada, caramba! Fez Raquel submeter-se a mais duas cirurgias ao nariz. Um desastre absoluto. Mais um retoque e o septo nasal poderia colapsar. A beleza ficara devastada!
Uma manhã, Raquel olhou-se ao espelho e viu que não era bonita. Havia sido. Mas sabotara-se a si própria. Vivera a falsa quimera de alcançar a perfeição e a sua beleza morrera. Morrera de tanto chorar. Agora não passava de uma aberração.
"E é por isso que a reencaminho para si, colega. Por mais cirurgias que lhe faça, não conseguirei devolver-lhe a formosura, mas a psicoterapia ainda vai a tempo de controlar o transtorno dismórfico corporal e evitar que ela insista nas operações plásticas. É que a beleza deu lugar à fealdade e facilmente a vida poderá sucumbir perante a morte".

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