quarta-feira, 29 de maio de 2013

Eu não gosto de poesia

Eu não gosto de poesia. 
E grandes "guerras" tive com a minha professora de Português do Secundário por causa disso. Eu era uma adolescente rebelde, com a mania que sabia tudo. Não tinha tento na língua e dizia tudo o que pensava, sem fazer qualquer tipo de triagem. Ela, obstinada, insistia em fazer-me ver coisas que eu não queria. Aturou-me durante 3 anos e chegámos a discutir a forma dos átomos (!).

Começou com Cesário Verde e só arrancou de mim críticas. Uma palhaçada, aqueles textos! Punha as mãos à cabeça e dizia que em não sei quantas décadas a leccionar, eu era a única aluna que não tinha apreciado Cesário Verde; que os alunos gostavam sempre por ser dos tópicos mais fáceis... Nunca me convenceu. Mantive a minha teimosia até ao fim. Até hoje.

Bradava aos céus quando, nos testes, as minhas interpretações dos sonetos de Antero nada tinham a ver com as dela, nem com as grelhas de correcção que havia preparado. Gritava comigo e dizia-me que eu não podia seguir outro caminho que não a advocacia porque se uma coisa era vermelha e eu achava que era amarela, conseguia convencer as pessoas de que era mesmo amarela. Berrava porque não via Antero como eu, mas dava-me a nota máxima porque sentia-se, embora contrariada, obrigada a reconhecer que era uma interpretação válida. Eu convencia-a e ela não gostava disso.

Alvitrou uma vez que, quando chegássemos a Pessoa, aí é que ia ser o cabo dos trabalhos: eu não ia gostar, ia criticar, ia desestabilizar a turma. Enganou-se. A única poesia que consigo ler, para além do meu conterrâneo Antero de Quental (cuja obra filosófica também estudei com afinco), é justamente a de Fernando Pessoa. Ortónimo ou heterónimos.

Em Antero, gosto particularmente dos títulos em Latim (aluna de Latim apaixonada pela Roma antiga...) e da loucura evidente. A Pessoa, não posso deixar de reconhecer a habilidade de, por entre palavras, mostrar e, ao mesmo tempo, esconder outro tipo de loucura. Mas ela está lá, latente. 

É preciso um louco para reconhecer outro. Louca me assumo.
Continuo a não gostar de poesia. Sou mulher de prosas. De contos e romances, de histórias e aventuras. Não gosto de sentimentos.

Ficam dois que me tocam. Mas só estes dois. Porque repito: eu gosto mesmo é de prosa.


(Eu e a minha professora de Português gostávamos verdadeira e sinceramente uma da outra. Por isso é que discutíamos.)






AUTOPSICOGRAFIA
O poeta é um fingidor. 
Finge tão completamente 
Que chega a fingir que é dor 
A dor que deveras sente. 

E os que lêem o que escreve, 
Na dor lida sentem bem, 
Não as duas que ele teve, 
Mas só a que eles não têm. 

E assim nas calhas de roda 
Gira, a entreter a razão, 
Esse comboio de corda 
Que se chama coração. 

Fernando Pessoa





VELUT UMBRA
Fumo e cismo. Os castelos do horizonte
Erguem-se, à tarde, e crescem, de mil cores,
E ora espalham no céu vivos ardores,
Ora fumam, vulcões de estranho monte...

Depois, que formas vagas vêm defronte,
Que parecem sonhar loucos amores?
Almas que vão, por entre luz e horrores,
Passando a barca desse aéreo Aqueronte

Apago o meu charuto quando apagas
Teu facho, oh sol... ficamos todos sós...
É nesta solidão que me consumo!

Oh nuvens do Ocidente, oh cousas vagas,
Bem vos entendo a cor, pois, como a vós,
Beleza e altura se me vão em fumo!


Antero de Quental


A idade não perdoa!

Tenho muito respeito pelo Senhor Professor Aníbal Cavaco Silva. 
Digam o que disserem, chamem-lhe o que chamarem, esteja ele a desempenhar bem ou não as suas funções, não consigo perder-lhe esse respeito.

Contudo, não pude deixar de rir ao ler este texto, que tem tanto de engraçado como de deprimente:



Maria –Ó Aníbal, já leste os jornais?
Aníbal - Li.
Maria - Leste a entrevista ao Sousa Tavares?
Aníbal - Oh Maria, o Sousa Tavares já morreu.
Maria - O filho…!
Aníbal - Mas o nosso filho deu uma entrevista?
Maria - Não! O filho do Sousa Tavares que morreu.
Aníbal - Morreu o filho do Sousa Tavares? Temos que mandar flores.
Maria – Bolas, Aníbal, Vê se entendes: o Miguel Sousa Tavares, filho do Sousa Tavares que morreu, deu uma entrevista!!!
Aníbal - Ah!!! Aquele que é jornalista!!
Maria - Sim e advogado.
Aníbal - Nunca gostei de advogados… e muito menos de jornalistas. Desse Sousa Tavares não se aproveita nada!
Maria – Sim, ok! Foi esse que deu a entrevista.
Aníbal - É interessante, a entrevista?
Maria - Então tu não leste?
Aníbal- Ando aqui às voltas com jornal que deve ser de ontem.
Maria - Qual jornal?
Aníbal - O Tal e Qual.
Maria - Mas esse jornal fechou há uma série de anos…
Aníbal - Foi? Bem me estava a parecer estranho o Joaquim Letria estar tão bem conservado…
Maria - Não há paciência, Aníbal! Presta atenção. O Sousa Tavares chamou-te palhaço!
Aníbal - Foi? Que mal educado.
Maria - É so isso que tens para dizer? Não vais fazer nada?
Aníbal - Vou! Tenho o número de casa do pai. Vou-lhe dizer para ver se põe o filho na ordem….
Maria - Mas o Sousa Tavares já morreu.
Aníbal – Mau, mau! Então como é que deu a entrevista?
Maria - …..dassse! Para o que estava guardada…
Aníbal - Não precisas de te chatear. Se não conseguimos falar com o pai, falamos com a mãe… Conhece-la?
Maria - Oh Aníbal, desce à terra. A mãe morreu há montes de anos!
Aníbal - Não estava a falar da tua mãe!
Maria - Nem eu, caraças! Estava a falar da mãe do Sousa Tavares, da Sophia de Mello Breyner.
Aníbal - Sim. Essa mesmo. Temos o número?
Maria - A mulher morreu! Percebes?
Aníbal - Mais flores? Não temos dinheiro para isto…
Maria - Esquece!
Aníbal - Então é um tio dele?
Maria - Um tio? Qual tio?
Aníbal - Por exemplo, aquele que é actor! O Sr. Contente!
Maria - O Nicolau Breyner?
Aníbal - Esse mesmo. Temos o número dele?
Maria - Mas por alma de quem é que vais ligar ao Nicolau Breyner?
Aníbal - Para lhe fazer queixa do sobrinho.
Maria - Mas o Sousa Tavares não é sobrinho do Nicolau Breyner? De onde te saiu essa ideia?
Aníbal - Tem o apelido da mãe, foste tu que falaste nele… 
Maria - Pois! Tu também tens o mesmo apelido da Ivone Silva e ela não era tua tia, pois não?
Aníbal - Quem é essa? Não estou a ver.
Maria - Não estás e não vais ver porque também já morreu.
Aníbal - Livra! Mas o que é que se passa hoje? É só mortos!
Maria - E eu devo ir a seguir…
Aníbal - Não digas isso. É pecado.
Maria - Pecado é ter que te aturar, meu palhaço. Ooops! Esquece a entrevista!


sábado, 25 de maio de 2013

Consulta pré-natal

Está decidido! Eu e o Maridão resolvemos finalmente tratar de arranjar um Pimpolho para acabar com a ditadura de Miss Emma.

É coisa para começar a tratar agora no Verão, mas como eu sou muito certinha e gosto de seguir as regras todas, anteontem fui à devida consulta com o meu ginecologista, futuro obstetra. :) 
Arrastei o Maridão comigo (mentira, ele foi de livre vontade) para fazer todas as perguntas que eu sei que lhe iam (e ainda vão) na cabeça. Porque eu já li tudo o que havia para ler, mas como ele é hipocondríaco, só acredita se ouvir da boca do médico. :)
Exame feito, ecografia, análises marcadas e o médico começa a explicar que me vai passar uma receita de ácido fólico e que devo tomar um por dia, a começar já, pois quanto mais cedo antes de engravidar, melhor. Eu perguntei ao médico se devia tomá-lo como fazia com a pílula (que já deixei, entretanto): preferencialmente sempre à mesma hora. Antes que o médico respondesse, Maridão sai-se com esta: "Tomas quando tomares a pílula". Ao que respondi: "Que não estou a tomar...!". O médico riu-se com o jeito dele (aquela era uma consulta pré-natal!) e lá confirmou que pode ser a qualquer hora.

Já na farmácia, à espera para comprar o Folicil©, Maridão aponta para uma das prateleiras e pergunta-me: queres levar estes, estes ou estes? Olhei para ele de forma atravessada e bufei: "Afinal?! Ou uma coisa ou outra!" (querendo referir-me ao bebé e aos contraceptivos).

Que confusão ia naquela cabeça! ;)


quarta-feira, 22 de maio de 2013

As minhas leituras

Tenho uma mania um bocado estranha: leio sempre dois livros ao mesmo tempo. É como ir à gelataria pedir um cone com duas bolas: ora saboreias uma, ora a outra, para não enjoar. ;) 

Actualmente estou a ler este - escrito com tanto humor e a fazer parecer tudo tão divertido e lógico que até dá vontade de ter mesmo uma doença mental :) - e um outro que, tenho a certeza, me vai fazer chorar, ficar revoltada, sentir nojo...

Se viram a série "As Taras de Tara", que passou na FOX (ou, em inglês, "United States of Tara"), recordar-se-ão de uma mulher nos seus 40, com um casal de filhos, uma irmã co-dependente e um marido com a paciência de um santo, a lutar contra as suas múltiplas personalidades e os sarilhos em que se metia por causa delas (que também eram eles, às vezes).

O livro que estou a ler chama-se "O Inferno de Alice", foi escrito por Alice Jamieson e trata-se de uma história verídica. O que me arrepia.
O que ela diz na capa: "Mais de quinze personalidades. Uma mente torturada."

A sinopse: 
Alice parecia ter tudo para ser feliz: vivia com os pais e o irmão numa casa luxuosa, frequentava as melhores escolas… Porém, sempre se sentiu diferente das outras crianças. Sofria de perdas de memória, tinha pesadelos violentíssimos e as vozes que ouvia na sua cabeça pediam-lhe para se matar. Culpou-se em silêncio durante anos até procurar um terapeuta, que a ajudou a compreender o que a atormentava: múltiplas personalidades. Quando elas se revelaram, Alice percebeu por fim a dimensão da sua agonia. Cada uma das personalidades tinha as suas próprias e terríveis memórias. Ela podia finalmente ter uma visão global da sua infância. Mas o que descobriu quase a matou. Alice fora abusada pelo próprio pai desde os seis meses de idade. Ao longo da sua infância, adolescência e juventude, ele violara-a centenas de vezes, tendo até permitido que outras pessoas o fizessem. "O meu pai infligiu-me todas as perversões possíveis", conta-nos. Na adolescência, sofria de anorexia e de perturbação obsessivo-compulsiva, perturbações que eram, no fundo, silenciosos pedidos de ajuda que ela descreve corajosamente em O Inferno de Alice. Perceber e sobreviver ao passado foi apenas o início de uma luta que Alice trava até hoje. Esta é a sua história.


Iniciei agora o 2º capítulo. Ainda que não tivesse lido a sinopse, já estaria a antever a causa do trauma daquela menina/mulher. O que me perturba mesmo é saber que estas situações se perpetuam no tempo, por mais informadas e consciencializadas que as pessoas estejam para esta problemática. Porque a Humanidade está doente. Os valores perderam-se, bem como o respeito pela dignidade dos outros. Quem quer criar filhos num mundo assim?

Lembram-se deste outro livro? "O Quarto de Jack"? ADOREI! Tornou-se um dos meus livros favoritos. Tanto que, apesar de ter uns 20 em fila de espera, estou cheia de vontade de o reler (sim, eu leio o mesmo livro pelo menos duas vezes; a não ser que se tenha revelado uma autêntica porcaria como o "Comer, Orar e Amar", que nem acabei). Tenho é que me lembrar a quem é que o emprestei...
Este é outro livro que nos faz parar para pensar em que raio de mundo vivemos. É uma história tão recambolesca (mas, ao mesmo tempo, tão susceptível de acontecer), que nos prende até à última página e nos deixa a desejar por mais. É MESMO BOM!

Leiam. Leiam muito! Ponham o computador ou a televisão um bocadinho de lado e peguem num livro. Aconselho qualquer um destes três (e mais umas quantas dúzias), por isso: boas leituras!


O que é nosso é bom!

São os de fora que vêm publicitar e louvar o que é nosso. Que maravilha! Que orgulho pelo reconhecimento!
Mas, ó açorianos do meu coração, porque não usar os nossos "espaços" (blogs, perfis de Facebook, Twitter) como um porta-estandarte do que por cá se faz? E com muita qualidade, diga-se em abono da verdade!

Vejam este exemplo fantástico e toca a segui-lo!
Obrigada, Miguel Pires!


segunda-feira, 20 de maio de 2013

Um hino à Autonomia

Hoje é feriado regional. Celebramos um autonomia que não o é.
Adoro ser açoriana. Está-me no sangue, na alma, no coração.
O orgulho que sinto quando estou no estrangeiro e digo que sou dos Açores é absoluto e inenarrável. Invariavelmente tenho que explicar que ilhas são estas e onde ficam. Mas isso torna tudo ainda mais místico. 

"Eu vim da Atlântida perdida...!".




Deram frutos a fé e a firmeza
no esplendor de um cântico novo:
os Açores são a nossa certeza
de traçar a glória de um povo.
Para a frente! Em comunhão,
pela nossa autonomia.
Liberdade, justiça e razão
estão acesas no alto clarão
da bandeira que nos guia.
Para a frente! Lutar, batalhar
pelo passado imortal.
No futuro a luz semear,
de um povo triunfal.
De um destino com brio alcançado
colheremos mais frutos e flores;
porque é esse o sentido sagrado
das estrelas que coroam os Açores.
Para a frente, Açorianos!
Pela paz à terra unida.
Largos voos, com ardor, firmamos,
para que mais floresçam os ramos
da vitória merecida.
Para a frente! Lutar, batalhar
pelo passado imortal.
No futuro a luz semear,
de um povo triunfal.


sábado, 18 de maio de 2013

Há coisas que me ultrapassam!


A propósito da adopção por homossexuais, acabei de ler este artigo no blog Corta-Fitas que me deixou perplexa. A sua autora, Maria Teixeira Alves, é jornalista, escritora e licenciada em Sociologia. Esperava dela, por isso, um bocadinho mais de inteligência. 

Não a vou insultar, porque não tenho esse direito, mas não posso deixar de manifestar a minha incredulidade perante as suas palavras. Concorde-se ou não este tipo de adopção (avanço já que sou a favor!), não me venham é com o argumento de que as crianças estão melhor em instituições porque "Ali não são violadas, nem mal tratadas. Pelo menos nas instituições não correm o risco de chegarem a adolescência e serem seduzidos pelos pais.". 

Quer dizer então que um casal homossexual que adopta uma criança pretende mesmo é mais tarde seduzi-la e abusar dela? Não existem abusos em instituições? Então a Casa-Pia não é uma instituição? Não existiram abusos fora e dentro dela? 

Há cada posta de pescada arrotada para aí...!
Se tiverem curiosidade de o ler, este é o artigo.

Para piorar a situação, a mesma senhora, em resposta às críticas que deve ter recebido (não me dei ao trabalho de ler, de tão enjoada que fiquei com esta conversa), publica mais uma coisinha assim:


Publico aqui um comentário deixado no meu blog Farpas que vale a pena lerem para calar estes "moderninhos" que têm a mania que sabem o que é bom para as crianças:
"Finalmente alguém diz a verdade sem medo. Eu vivi numa instituição (aldeia SOS) adorei viver na Instituição, nunca fui adoptado, a instituição era óptima, tinhamos uma mãe lá. Era um verdadeiro colégio. E NÃO QUERIA SER ADOPTADO POR HOMOSSEXUAIS.
Hoje sou casado e tenho uma familia".


Há coisas (opiniões) que eu realmente não consigo atingir!




Zumba!



Pois diz que ontem fui experimentar, pela primeira vez, uma aula de zumba. 
Tive a companhia da Claudiamar - qual de nós as duas a mais louca para se pôr numa aventura destas (as nossas vidas são para lá de ocupadas, caramba!). Faltaram-nos a Dreia e mais uma amiga, mas tenho a certeza que se ficaram a roer de inveja e, não tarda nada, vêm juntar-se a nós.
Apesar de ADORAR dançar, confesso que sou um pouco descoordenada no que toca a seguir coreografias. Sou uma dançarina de improvisos, digamos. ;)

Cheguei atrasada à aula. Foi o último dia no escritório antes de ir de férias (e são só 4 dias), por isso, parecia que o mundo ia acabar. Voavam papeis, o telefone não parava de tocar e as pessoas faziam fila à porta do meu gabinete. Como se o que eu ganho no fim do mês justificasse tanta histeria...! Saí duas horas mais tarde do que o previsto, portanto.

Atrasada e com toda a gente já aos pulos, a minha primeira dificuldade foi encontrar a instrutora (que é assim pequenina como eu), para ver se lhe seguia os passos. A Claudiamar saltava que nem doida e, das meninas à minha frente, umas mostravam perceber da coisa, enquanto outras estavam meio à nora como eu. Bem, se é para fazer papel de ursa, ao menos não faço sozinha! :D

A-DO-REI! Saltei que me fartei, dancei, mexi as ancas, sacudi os braços... Claro que hoje me doem as pernas, atendendo a que NUNCA fiz exercício físico (estive por duas vezes inscrita num ginásio, mas devo ter ido a um total de meia dúzia de aulas) e sou avessa a desporto. Nem a Educação Física me safava, na escola. Além disso, em vez dos meus habituais 45 kg (ou maravilhosos 50kg), foram 62,5 kg que tive que carregar. Aplaudam-me pelo esforço, vá! ;)

Sei que preciso perder peso e isso passa por parar com a medicação, ter uma alimentação mais saudável (deixar de comer os doces todos que como...) e mexer um bocadinho o rabo. Não sou menina de ginásios: musculação, passadeira, cycling... Nem de artes marciais e outros que tais. Blhergh! Agora para dançar, não queiram outra! Ontem não percebi um cú das coreografias, mas para a semana arraso, prometo! ;)



segunda-feira, 13 de maio de 2013

Porque a escrita é linguagem universal

LUTA DE CLASSES
por José Luís Peixoto

"Não contem comigo para defender o elitismo cultural. Pelo contrário, contem comigo para rebentar cada detalhe do seu preconceito.
A cultura é usada como símbolo de status por alguns, alfinete de lapela, botão de punho. A raridade é condição indispensável desse exibicionismo. Só pertencendo a poucos se pode ostentar como diferenciadora. Essa coleção de símbolos é descrita com pronúncia mais ou menos afetada e tem o objetivo de definir socialmente quem a enumera.
Para esses indivíduos raros, a cultura é caracterizada por aqueles que a consomem. Assim, convém não haver misturas. Conheço melhor o mundo da leitura, por isso, tomo-o como exemplo: se, no início da madrugada, uma dessas mulheres que acorda cedo e faz limpeza em escritórios for vista a ler um determinado livro nos transportes públicos, os snobs que assistam a essa imagem são capazes de enjeitá-lo na hora. Começarão a definir essa obra como "leitura de empregadas de limpeza" (com muita probabilidade utilizarão um sinónimo mais depreciativo para descrevê-las).
Este exemplo aplica-se em qualquer outra área cultural que possa chegar a muita gente: música, cinema, televisão, etc. Aquilo que mais surpreende é que estes "argumentos", esta forma de falar e de pensar seja utilizada em meios supostamente culturais por indivíduos supostamente cultos, e só em escassas ocasiões é denunciada como discriminadora do ponto de vista sexual ou social.
Isso são livros de gaja, dizem eles. Às vezes, para cúmulo, há mesmo mulheres que dizem: isso são livros de gaja.
A raiz da minha cultura não pertence ao elitismo. Tenho orgulho das minhas origens, do meu avô pastor, do meu pai carpinteiro, como outros têm orgulho dos seus longos nomes compostos.
Depois de um trabalho que encerre convicções profundas, que tenha em conta os princípios da sua área artística, que seja consciente da história dessa área e que faça uma proposta coerente e inovadora, acredito na divulgação o mais ampla possível.
Esconder uma obra em tiragens de 300 exemplares não lhe acrescenta um grama de valor artístico. Quando essa falta de divulgação resulta de uma escolha, pressupõe, quase sempre, falta de consideração pelo público, a crença de que um público mais vasto seria incapaz de entender tamanha sofisticação.
Acredito que a poesia pode ser publicada em caixinhas de fósforos, escrita com trincha ou spray nas paredes, impressa em t-shirts, afixada no facebook. Em qualquer um desses lugares, será diferente, mas em todos continuará a ser poesia.
É ridícula a ideia de que a divulgação deturpa. A banalização é sempre tarefa de quem banaliza e não do objeto banalizado. Quem não for capaz de convocar os seus sentidos e a sua razão para apreciar uma determinada obra, apenas por acreditar que se encontra muito difundida, tem problemas graves ao nível do espírito crítico e da isenção mais básica. Esse é um daqueles casos em que se aconselha a lavagem de olhos. É aí que reside a deturpação.
Admiro o povo ao qual pertenço. Não o povo mitificado, admiro o povo quotidiano. Gosto de ir a feiras. Gosto de comer frango assado com as mãos. Devo tanto à cultura deste povo como devo a Dostoievski Há alguns meses, a personagem de uma telenovela citou um poema escrito por mim. Toda a gente da minha rua viu e ouviu. A minha mãe ficou orgulhosa e eu também.
Chamo-me José ou, se preferirem, Zé. Desprezo o elitismo. O verbo não é exagerado, adequa-se bem ao que sinto.
Hei de sempre divulgar o meu trabalho na máxima dimensão das minhas capacidades. Devo esse esforço à convicção que tenho naquilo que escolhi dizer. Fico feliz se vejo os meus livros disponíveis em supermercados, estações de correios, bombas de gasolina ou bibliotecas públicas.
Aquilo que faço não existe sozinho, precisa de alguém que lhe dê sentido, o seu próprio sentido e interpretação pessoal. Se uma árvore cair sozinha na floresta, sem ninguém por perto, será que faz barulho? Por esse motivo, o esforço de divulgação é também uma mostra de respeito para com essas pessoas, é um sinal da minha crença nelas e no seu valor. Exatamente como estas palavras, que existem porque estás a lê-las.
Escrevo romances, a minha força de vontade é enorme. Tenho 38 anos, conto estar por cá durante bastante tempo. Tenho ainda muito por fazer. Habituem-se. Não tenho medo."





Todos os caminhos...

... vão dar ao Decomplic... a Roma!


sábado, 11 de maio de 2013

O bom de se ter amigos

É receber este livro de presente, com uma dedicatória assim dentro:

"Para uma mente brilhante - Carla Santos - ...Talvez ajude!


O que ajuda mesmo é saber que não estamos sós. 
Obrigada!


sexta-feira, 10 de maio de 2013

OMG!

Gente, isto é grave!
Pesei-me e estou com 62,9 kg! Que é isto?!?!

O que vale é que amanhã à tarde tenho consulta com a médica dos maluquinhos e ela já me vai dar um inibidor de apetite. É que ela própria assustou-se quando eu lhe disse ao telefone quanto é que estava a pesar. Relembro que da primeira vez que me viu, no passado dia 15 de Fevereiro, a balança mostrava 50 kg (o máximo em 30 anos!). Se eu antes nunca sentia fome (lembrai-vos disto), agora pareço uma alarve sempre à caça de bolos e biscoitos e outros que tal.

A desgraça é tanta que não tenho roupa que me sirva. Tive que reforçar o guarda-roupa com umas coisinhas baratuchas, querendo crer que isto é temporário e que, por isso, não vale a pena investir. Posso dizer que já tenho uma quantidade considerável de peças que me darão um jeitão quando engravidar... Aliás, o vestido que estou a usar hoje foi mesmo comprado na secção pré-natal da respectiva loja...

O cúmulo? Ontem de manhã, em reunião com um dos administradores do Grupo (senhor para os seus 60 e muitos anos), vira-se ele para mim (notei-lhe na voz um tom de curiosidade que indicava que já me queria ter perguntado aquilo há mais tempo): "A Dra. está grávida, não está?".
Queria que tivessem visto a cara dele quando respondi: "Não, Sr. Eng. Estou apenas gorda". Senti um silêncio pesado e olhámos os dois para a lei que eu tinha em cima da mesa, a qual passei a explicar-lhe. Aposto que se tinha enterrado se houvesse por ali um buraquinho... Eheheheh.

Estou a rir-me, mas isto não tem piada nenhuma, caraças! :P




Porra, que susto!

Anda uma pessoa a navegar calmamente na internet e leva com isto pelos olhos dentro:


Nunca a achei bonita. Depois, numa crise de rebeldia (droga?), quase rapa o cabelo e pinta-o de loiro platinado. Agora aparece-me nestas figuras, como se tivesse levado um choque eléctrico e, em consequência, decidido vestir uma rede de peixe. E ainda faz pose pseudo sexy, que é o mesmo que dizer biquinho de pato. Minimamente, minha querida... minimamente.

Ah! E deixa as redes de peixe para quem sabe usá-las: a rainha da excentricidade. Tem idade para ser tua (bis)avó, mas já usava as ditas redes ainda os teus pais não  pinocavam...



Totally me



Por isso é que eu tenho o Descomplicómetro! ;)



quinta-feira, 2 de maio de 2013

Sobre o Facebook

Eu sou viciada na internet. Viciadíssima. 
Sou capaz de passar um dia inteiro agarrada ao portátil, ao tablet ou mesmo ao telemóvel. Desde que tenha net. Eu só leio notícias via internet, muito do meu trabalho é feito usando o e-mail e plataformas electrónicas... Além disso, adoro navegar sem rumo, por sites antes nunca visitados, descobrindo coisas insólitas e inusitadas que me divertem e aguçam a curiosidade.

Não me vou armar em parva e dizer que não passo muito tempo no Facebook. Passo, pois. A maior parte dele a falar com amigos. Conversas interessantes e inteligentes, fofocas e assuntos sem importância, também. Passo horas nisso. E cada vez mais me irrita passar pelo feed de notícias, só pela porcaria que lá vejo. 

Por coincidência, ontem fiz uma limpeza geral: removi "amizades", tirei o like a páginas que vieram a revelar-se uma seca... E hoje, a minha querida Claudiamar partilhou um texto da Poisoned Apple, do blog A Maçã de Eva, a propósito do desastre  em que o Facebook se tornou.
Subscrevo na íntegra as palavras dela e o texto já corre a www. Vai tornar-se viral, com certeza. :) Leiam-no aqui e prometo que não se vão arrepender.

Para completar a ideia da Poisoned Apple, deixo-vos uma pequena lista dos tipos de utilizadores do Facebook. E não digam que não conseguem relacioná-los com todo e qualquer um dos vossos "amigos", pois estarão a mentir. ;)











Fonte:

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