sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Dezembro

Passou a voar e eu nem coloquei os pézinhos aqui no coiso. 
Nem neste, nem noutro qualquer. Tenho muita leitura para pôr em dia...

Como se previa, foi um mês de mudanças. Começo a aproximar-me aos poucos daquilo que é commumente aceite como "uma pessoa normal". Horários de gente, um emprego (em vez de mil trabalhos diferentes) e uma vida familiar mais saudável. Se me arrependo? Para já, não. Aprecio esta calma e paz de espírito. Gosto de não andar para trás e para diante o dia todo. Gosto de acordar e saber que me vou sentar a trabalhar com a cabeça assente no que estou a fazer e não naquilo que ainda tenho para fazer. Gosto, sobretudo, de não ter que me cruzar/conversar/perder tempo com centenas de pessoas por dia.

Em suma, estou a ficar uma menina crescida. Os 30 aproximam-se a passos largos...
30?! 30?! Ninguém tem 30 anos, caramba!

Lá por casa, tudo bem. Ainda não há bebés (para um bom jogo são precisos treinos intensivos) e vamo-nos entretendo com a Emma que está, ela própria, uma senhorita. Acabou-se a cachorrinha. Tenho uma adolescente rebelde em casa. E um "pai" que reclama, reclama, mas faz-lhe as vontadinhas todas... 

O mundo não acabou e eu não presenciei, portanto, o apocalipse. Resta-me esperar que sejam reveladas mais algumas previsões proféticas para aguardar ansiosamente pelo dia em que darei um tiro nos meus próprios cornos de tanto tédio por voltar a assistir à irritante inundação de posts sobre o assunto no Facebook.

O Natal... já passou. Foram dois dias. Um deles gasto nas compras, praticamente. Havia planos para mais cabazes este ano. Mas ficaram por isso mesmo: planos... Quero dizer, os preparos estão lá, eu é que não fiz nada. Mas, como dizem nuetros hermanos, até aos Reis é Natal. Pode ser que calhe algum presentinho fora de horas a alguém. ;) 
Soube a pouco e sem sal, na verdade.

O final do ano aproxima-se e não tenho grandes resoluções para 2013. Ando com a alma um bocadinho adormecida. Acho que esta época já não me encanta tanto como antes... confesso que até me deixa um bocado nervosa. But then again... I'm not normal, remember? :P

Pode ser que em Janeiro as minhas energias voltem redobradas...



quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Big mistake

Hoje de manhã bebi um café.
Não auguro nada de bom.


quinta-feira, 22 de novembro de 2012

A amizade no feminino




Por estas e por outras é que sempre me dei melhor com os rapazes...


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

É tudo uma questão de prioridades!

Puta que os pariu, é o que eu digo!
Andassem como eu numa casquinha de noz a cair de podre e já era muito bom!
**da-se!




Ministério das Finanças impede Justiça de comprar carros usados

20.11.2012


A Agência Nacional de Compras Públicas (ANCP), organismo tutelado pelo Ministério das Finanças, impediu a Justiça de comprar carros em segunda mão para renovar uma pequena parte da frota, que tem uma média de dez anos. A ideia do secretário de Estado da Administração Patrimonial da Justiça, Fernando Santo, era comprar viaturas com menos de quatro anos e número reduzido de quilómetros, mas esbarrou com o parecer negativo da ANCP, entretanto fundida num novo organismo, a Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública.


O Ministério das Finanças, liderado por Vítor Gaspar, recusou a compra de carros usados, impondo a reconversão do concurso num procedimento para adquirir viaturas novas. "O parque de automóvel do Ministério da Justiça é composto por 1635 viaturas com uma média de dez anos e 206.180 quilómetros. A sua avançada degradação leva a custos de manutenção excessivamente elevados (cerca de dois mil euros por ano e viatura)", contabiliza o ministério num documento oficial. 

"No total, a manutenção e o consumo de combustíveis custa ao ministério cinco milhões de euros por ano. Perante esta situação, o ministério propôs renovar a frota automóvel, recorrendo a uma modalidade de aquisição de viaturas usadas com três a quatro anos e baixa quilometragem, subscrevendo simultaneamente contratos de manutenção para as mesmas", refere o mesmo dossier. 

O objectivo para este ano era renovar 10% da frota, num investimento de três milhões de euros. Mas ficou pelo caminho. "Foi ainda iniciado um concurso para aquisição de viaturas usadas, num investimento de 1,7 milhões de euros. Contudo, o procedimento obteve parecer negativo da ANCP pelo facto de o Ministério da Justiça pretender viaturas usadas, estando em preparação um concurso pelo mesmo valor para a aquisição de viaturas novas", explica igualmente.

Fernando Santo confirma esta situação, mas diz que foi obrigado a resignar-se face à decisão das Finanças. "A aquisição suscita questões em termos de aplicação das normas do decreto-lei de execução orçamental de 2012, e do Código dos Contratos Públicos", justifica o ministério de Vítor Gaspar numa nota enviada ao PÚBLICO. Continua, sustentando que não ficou demonstrada a "vantagem económica e financeira na aquisição de veículos usados em detrimento de veículos novos". Isto porque, ao optar-se pela compra de viaturas em segunda mão, não se aproveita "a grande capacidade negocial que a Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública tem na aquisição de veículos novos com preços bastante mais competitivos comparativamente com qualquer outra entidade". 

As Finanças argumentam ainda que com este tipo de aquisição não seria possível desenvolver procedimentos centralizados, o que tornaria o processo de compra moroso. "As aquisições seriam "veículo a veículo", excluindo assim a hipótese de compra em volume com agregação de necessidades, com as inerentes perdas de capacidade negocial e de economia de escala", lê-se na resposta. 

Fica sem se perceber uma norma do decreto-lei que as Finanças invocam, que prevê expressamente que "a substituição de veículos com mais de dez anos, com elevados custos de manutenção ou em situação de inoperacionalidade e cuja reparação ou recuperação não se afigure técnica ou economicamente vantajosa, poderá efectuar-se por recurso à aquisição de veículos usados com idade entre os três e quatro anos, menos de 60.000 quilómetros e que apresentem bom estado de conservação". 

PJ gasta 1,3 milhões em novas viaturas

Os gastos com viaturas previstos para o Ministério da Justiça no próximo ano incluem a aquisição de novos carros para a Polícia Judiciária (PJ), uma operação em que o Estado prevê desembolsar à volta de 1,3 milhões de euros. Espera-se ainda a conclusão do concurso de aquisição de 42 viaturas celulares destinadas aos serviços prisionais, iniciado em Abril. "Este concurso já foi adjudicado, tendo, no entanto, sido interposta uma providência caitelar com um concorrente excluído", informa a tutela num documento explicativo sobre o orçamento do sector para o próximo ano. "Aguarda-se decisão do tribunal para dar continuidade ao processo", completa ainda a informação. Entretanto, continua em curso o levantamento de viaturas apreendidas, passíveis de serem perdidas a favor do Estado, que poderão vir a ser alocadas aos diversos serviços e organismos do ministério. 



Não consigo alcançar...

Alguém me explica esse súbito fascínio do mulherio pelo Adam Levine?





sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Afinal em que ficamos?

Tantas vítimas assumidas, outras tantas a dar entrevistas com distorção de som e de imagem.
Juras a pés juntos; traumas de infância; adolescências conturbadas e vidas marcadas.
Lágrimas na televisão, na polícia e no tribunal. Declarações chocantes. 
A opinião pública revoltada contra os abusadores e consternada pelos abusados.
Uns acusam, outros declaram-se inocentes até à morte.
O "processo Casa Pia" é uma palhaçada desde o início! Muito diz que disse, diz que não disse, fui eu, não foste tu, eu estava, tu estavas, eles foram... Hoje uma conversa, amanhã outra diferente...

Confesso que sempre tive dúvidas em relação à condenação da personagem mais mediática do caso: Carlos Cruz. Não por simpatizar ou deixar de simpatizar com o senhor; não por se tratar de uma figura pública; não porque lhe atribua maior ou menor credibilidade do que aos outros... Algo ali não me cheirava bem, só isso. Nariz de penalista, acho eu...

Aqui há uns meses estava eu na livraria (não... mentira... jura?!) e encontrei numa das estantes um livro da autoria do dito. Desconhecia a sua existência. Sabia que a ex-mulher tinha virado escritora com um livro onde conta o pesadelo que viveu e que a filha mais velha havia feito exactamente o mesmo (há que fazer render o peixe...), pelo que não estranhei que o principal visado quisesse contar a sua versão da história e apelar à sensibilidade do público. O que me  surpreendeu, sim, foi verificar que aquelas linhas não se limitavam a relatar os factos sob o ponto de vista do arguido (entretanto já condenado e actualmente recorrente); as suas alegações estão suportadas documentalmente, com extractos de peças processuais extraídas dos próprios autos.


Só lendo... a justiça portuguesa tem uns meandros que ainda me deixam boquiaberta. A prova já está feita e a decisão tomada muito antes de se iniciarem os julgamentos. Cada vez mais acredito nisso e já o senti na pele (dos meus clientes). Este livro fez-me olhar para o escândalo Casa Pia com outros olhos, agora sob uma perspectiva processual, técnica e baseada em provas escritas. 

A notícia que saiu hoje no Público veio reforçar a minha ideia de que aquele livro deve ser lido por todos. Não nos podemos deixar ficar apenas pelo que foi saindo na comunicação social ao longo destes anos. É que cada vez mais fica a dúvida: afinal quem é que está a mentir?

E não, não sou advogada de Carlos Cruz. Apenas advogo a justiça e cada vez vou advogando menos, na verdade...


quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A culpa não é minha, com certeza!


A propósito do post anterior...
Mia Couto escreve bem, mas não me convence. Peca por generalizar.

Não concordo quando ele diz que os problemas que nos conduziram a esta crise respeitam a uma geração. Dependem sim de cada casa, de cada família. A minha não se enquadra naquele cenário porque:

1. Os meus pais não me educaram, nem ao meu irmão, numa “abundância caprichosa”. Bem pelo contrário. A verdade é que nunca nos faltou nada, mas abundância foi coisa que não existiu e nós tínhamos o necessário e, sobretudo, o possível. Fomos e somos felizes.

2. Nunca tivemos uma semanada/mesada. Se precisássemos de algo, pedíamos. Não berrávamos nem esperneávamos pelo brinquedo X, pelo telemóvel Y, pela Playstation Z. Se os nossos pais nos pudessem dar naquela altura, tínhamos. Caso contrário, esperávamos até poder ser. Ninguém tem traumas de infância por causa disso.

3. Os meus pais ensinaram-nos aos dois, desde cedo, o significado de “trabalho”. Sempre ajudámos, quer nas tarefas da casa (o rapaz dessas safava-se sempre!), quer no minimercado. No Verão, ficávamos lá a ajudar o meu pai de manhã e à tarde é que íamos para a praia. Nada de putos mimados e ociosos a dormir até às 2 da tarde depois de terem passado a noite no Facebook. Hoje em dia, falar-se-ia em trabalho infantil…

4. Eu trabalho desde os 16 anos. Desde essa altura e até acabar o curso e vir de vez para S. Miguel, sempre trabalhei durante as férias de Verão. Todos os anos. Foi com o dinheiro que ganhei que comprei o primeiro telemóvel XPTO que me apeteceu ter. Foi com esse dinheiro que paguei a minha carta de condução. E foi também com esse dinheiro que pude satisfazer os meus caprichos (roupas, saídas à noite…). Se me caíram as mãozinhas? Não!

5. Fui privilegiada por ter podido licenciar-me. Foi com sacrifício que os meus pais me mandaram para Lisboa e lá me mantiveram durante 5 anos. Se fossem outros, poderiam ter dito “podes estudar, só que ficas na Universidade dos Açores”. Sempre lhes saía mais barato. Mas deixaram-me ser o que eu quis. Se hoje tenho o malfadado título de “Dra.” (mariquices!), a eles o devo. Estudei que me matei, é certo. Mas se eles não me tivessem pago o curso, de nada me tinha servido. A gratidão é bonita e eu gosto.

6. “Pagar o curso”, calma aí… Eu contraí, aos 18 anos, antes de ir para a faculdade, um crédito bancário de apoio/incentivo à formação. Para acrescer ao dinheiro que os meus pais podiam dar-me. Quando acabei a licenciatura, tive que começar a pagar o empréstimo ao banco. Quer dizer, portanto, que o curso acabou por me sair do lombo! Morri? Não, estou bem viva e bastante saudável.

7. Hoje em dia queimam-se etapas de crescimento, é verdade. Durante os 4 anos em que dei aulas vi putos com 16 anos, ainda com tabaco no umbigo, a quererem comportar-se como se tivessem 25. Para o mal, que para as responsabilidades eram muito novinhos…! Conclusão: uma acabou grávida aos 18, outros foram desistindo e os restantes por lá vão andando, asneira após asneira, arrastando para ali a sua vidinha até não terem mais idade para estudar e os mandarem para casa. São todos muito espertos e acham-se muito adultos, mas vai-se a ver e as suas capacidades de leitura estão ao nível das de uma criança da primeira classe e escrevem tudo com abreviaturas e “x” em vez de “ss” ou “ç” e dão erros de meia-noite (“iziste” em vez de “existe”; “isemplo” em vez de “exemplo”…). Não sabem quem é o Presidente da República e não acham que o direito de voto seja uma coisa assim tão importante. Resultado: quando eu corrigia testes era um tal pregar riscos a vermelho de cima a baixo; quando os apanhava na conversa sobre a telenovela, levavam com o marcador na cabeça; e quando se punham a olhar para anteontem era um beliscão torcido debaixo da asa. Se eu era má? Deixá-lo ser!

8. Quando eu lhes perguntava por perspectivas de futuro, respondiam-me “Quié iss’ pfssora?”. Uma disse-me uma vez, toda muito senhora de si, que não queria prosseguir estudos, que não queria casar, que pouco lhe apetecia trabalhar e que o que queria mesmo era ficar a viver em casa dos pais e ser sustentada por eles até aos 30, porque era isso que a irmã fazia. Pais como os dela, que admitem tamanho abuso, estão, na realidade, a criar pequenos parasitas, futuros criminosos ou beneficiários de Rendimento Social de Inserção. E nós sempre a pagar! Eu disse-lhe isso na cara e ela arregalou os olhos surpreendida. Como se receber o “rendimento mínimo” fosse alguma coisa errada… Já não muda, aquela.

9. A minha geração também quis crescer à pressa, reconheço. Eu cá acho que vivi tudo no tempo certo. Não fui santinha nenhuma e fartei-me de sair à noite, ir a festas, pintar a manta… Já passou. Isso agora já não me diz nada. Justamente porque o fiz quando era a altura para fazer. Por outro lado, tenho amigos que aos 30/35 continuam a levar uma vida de borga, de copos e de noitadas. Como se não trabalhassem no dia a seguir, nem tivessem filhos para criar. São opções de vida, pronto. Não vale é queixarem-se depois…


Ora, esses jovens mimados e os pais que os mimaram estão à rasca e queixam-se, mas foram eles que provocaram o actual estado das coisas (os políticos corruptos também, mas isso agora não interessa nada…).
Eu, que nunca recebi um subsídio de férias ou de Natal na vida, que pago IVA e faço retenção na fonte, que não esbanjo dinheiro em carros e pós-graduações de merda que só servem para encher papel no currículo, tenho razões para me queixar ou não? 
Os meus pais, que trabalham desde muito novos (o meu pai começou aos 7!), que pagam impostos, que criaram dois filhos como deve ser, que têm que andar atrás de clientes que não lhes pagam os fiados, que têm a casa hipotecada ao banco e que correm o risco de não vir a ter reforma caso a Segurança Social rebente como se prevê, estão ou não estão à rasca?

Desculpem-me a sinceridade, mas apetece-me mesmo é mandar tudo para a puta que pariu!




Geração à Rasca – A Nossa Culpa

[por Mia Couto]

Um dia, isto tinha de acontecer.
Existe uma geração à rasca?
Existe mais do que uma! Certamente!
Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes as agruras da vida.
Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com frustrações.
A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo.
Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.

Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos) vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós 1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor.
Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos...), mas também lhes deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de diversão, cartas de condução e 1º automóvel, depósitos de combustível cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse. Mesmo quando as expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada.
Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não havia tempo, já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado com que se compra (quase) tudo. E éramos (quase) todos felizes.

Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, ... A vaquinha emagreceu, feneceu, secou.

Foi então que os pais ficaram à rasca.
Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem Pavilhões Atlânticos e festivais de música e bares e discotecas onde não se entra à borla nem se consome fiado.
Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuar a pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a pais.
São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e da luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade, nem dos qualquercoisaphones ou pads, sempre de última geração.

São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter de dizer "não". É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos, porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem, querem o que já ninguém lhes pode dar!

A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo menos duas décadas.

Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados.
Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade operacional.
Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere.
Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que nem um nem outro abundam.
Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras.
Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável.
Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada.
Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio.

Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e inteligência nesta geração?
Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos!
Os jovens que detêm estas capacidades/características não encaixam no retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós).
Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja!, que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a subir na vida.

E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no que ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida e indevidamente?!!!

Novos e velhos, todos estamos à rasca.
Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens.
Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme convicção de que a culpa não é deles.
A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la.
Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam.
Haverá mais triste prova do nosso falhanço?
Pode ser que tudo isto não passe de alarmismo, de um exagero meu, de uma generalização injusta.
Pode ser que nada/ninguém seja assim.



sábado, 10 de novembro de 2012

De que fruta gostas mais?

Eu vejo a Casa dos Segredos e não tenho problemas nenhuns com isso. 
A quem critica, recomendo a leitura de um post antigo sobre o pseudo-intelectualismo.

Feita a nota introdutória, vamos ao que interessa: o bonzão do Cláudio.
Jesus, que é aquilo?! Uma pessoa dá por si a olhar para a televisão com a boca aberta...
Desde o princípio que o rapaz me deixou atrapalhada porque aquela cara me fazia lembrar alguém e eu não estava a conseguir perceber quem. Um dia fez-se luz. :)

A conversar com Dona CoriscaRuim sobre essa minha comparação, lembrei-me de fazer o mesmo que ela fez aqui (deixas, não deixas?) e assim tirar a prova dos nove.

São ou não são iguaizinhos?







E pelo que corre na imprensa, as semelhanças são mais do que físicas...
É pena. Mas gostar das duas frutas é melhor do que gostar de uma só, ainda por cima da errada.
Eu ia lá.


quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Uma aventura...

... no veterinário.

Miss Emma, a princesinha cá de casa, teve consulta na segunda-feira.
Objectivo: levar o terceiro e último reforço da vacina 5 funções, levar a vacina contra a raiva, aplicar pipeta anti-pulguinhas, cortar as unhas e talvez colocar o chip.
Resultado: escândalo no consultório, Emma histérica, veterinária a pedir ajuda à assistente para segurar a bicha, bicha a trepar Carlinha acima, Carlinha arranhada, trabalho feito e Emma amuada com a médica.

Normalmente o Maridão acompanha-me a estas consultas. Lá vamos os dois, qual papás de primeira viagem, levar o pimpolho ao pediatra e fazer 1900 perguntas. Desta vez ele teve uma reunião e não pôde ir. Não me preocupei minimamente porque não é nenhuma tarefa do outro mundo. E lá fomos as duas, todas lampeiras, porque aquelas vacinas significam que a menina já pode ser levada a passear este fim-de-semana e tomar um banho a sério logo depois (estou inquieta para enfiá-la na banheira!).

Na sala de espera, foi ver menina Emma especada a olhar para um gatinho bebé minúsculo no colo da respectiva dona, com ar de "que raio de coisa é aquela?". É que a Emma nunca viu um gato... Às tantas aborreceu-se (não lhe deve ter achado piada nenhuma) e começou a sacudir-se porque queria ir para o chão. Pensei que fosse vontade de fazer xixi. Toca a tirar o resguardo da mochila, a colocá-lo no chão e a pousar a menina em cima. Tipo fralda. E toda a gente a olhar para mim... A menina não fez xixi. Arruma tudo. 

Somos chamadas para o consultório. A médica faz a festa à Emma e ela enche-a de beijos. Muito sociável, a minha menina. Começamos pela manicure, pois eu não consigo fazê-lo em casa. O raio da cadela não deixa e é rápida como um rato. A médica percebeu a minha angústia, pois parecia que estava, ela própria, a tentar cortar as unhas a um boi, tamanho foi o escarcéu que a Emma fez!
Passámos para a vacina n.º 1. A Emma não estava à espera e só se apercebeu do que lhe acontecera depois do mal feito. Aninhou-se em mim. Segue-se a segunda vacina. A Emma já sabe o que lhe vão fazer e assim que tentam agarrá-la, trepa por mim acima, aos guinchos que nem doida! Alojada na minha nuca, eu sem conseguir tirá-la de lá, a assistente a tentar puxá-la, a médica também... Um filme! Leva a pica, guincha mais um bocado. A médica decide, então, que só falta aplicar a pipeta e que afinal não vamos colocar o chip porque é usada uma agulha muito grande e o mais certo é a bicha sair de lá traumatizada. Fica adiado para o próximo mês. 
Conversamos sobre a possibilidade de esterilizar a Emma e as vantagens que isso traz. A médica tenta fazer-lhe festinhas enquanto falamos, mas a bicha vira-lhe a cara. Mesmo! Encostou-se a mim e sempre que a pobre Dra. a chamava ou lhe tocava, lá ela lhe virava costas, amuada. Só visto...

Antes de virmos embora, ainda a pesámos. "No passado dia 1 ela estava com 2,500 kg certinhos", diz a veterinária enquanto a coloca na balança. "Oh, está com 3,800 kg!" diz, a rir-se. "Mas não está gorda, é muito saudável e está com o pêlo lindo!"
Concentrei-me no peso... Coméquié?! Esta lontra aumentou 1,300 kg em menos de 1 mês? Não admira... come como se não houvesse amanhã!

Chega-te Domingo, que a Emma vai dar um passeio daqueles! É que apesar de "gorducha", tem uma energia que não se esgota... e as minhas pilhas são fracas.

Realidade alternativa

Parece que quanto mais cedo me deito, piores são as minhas noites.
Tenho feito um esforço para adoptar horários de pessoa normal e, à conta disso, nos últimos 3 dias tenho ido deitar-me antes das 00:00. Seria de esperar que acordar cedo fosse mais fácil ou mesmo que tivesse um sono mais descansado. Nada disso! Levo o tempo todo a sonhar! E cada sonho mais estapafúrdio que o outro. 

O sonho de ontem metia o Lenny Kravitz em modo stalker, apaixonado por mim, enquanto eu não lhe ligava nenhuma. O rapaz, frustrado, muniu-se de uma arma e fez uns quantos reféns, eu incluída. Queria levar-me não sei para onde. Depois chegou a polícia, mas os tiros que disparavam eram de bolinhas amarelas de borracha. Às tantas aparece um cão (aparentemente, a Emma) enorme, todo branco, e eu comento o quanto ele cresceu (isto é trauma pós-consulta no veterinário, só pode!). Não me lembro de como o sonho acabou (devia ter escrito isto ontem, bolas!).

O sonho desta noite foi bem mais enervante, comigo a atirar tudo pelo ar, a gritar com toda a gente, a dar porrada e a insultá-los, proferindo impropérios como "piolhosos" e "pulguentos" (mais trauma pós-vet).

Conclusão: tenho dormido mais horas, mas acordado mais cansada.
O meu ritmo biológico não se adapta a esta suposta "normalidade".
E que raio de universo paralelo é este que a minha mente cria? Será que um copito ao deitar é capaz de anestesiar estes meus loucos neurónios? É que isto de viver duas vidas cansa...!




domingo, 28 de outubro de 2012

Distraido...?

Este não é um post sobre a mudança da hora (desde ontem que não leio outra coisa!), mas sim sobre a capacidade que o meu marido possui de bloquear por completo as coisas que lhe digo.

Local: sala
Hora: 00:30
Carlinha: Mô, não te esqueças de que a hora mudou. Fui à cozinha e o relógio do forno já está actualizado.
Maridão (dormindo, mas a fingir que não): Eu sei... já toda a gente disse isso. Não sabias que a hora mudava?
Carlinha (suspirando e encolhendo os ombros): Sabia. Só estou a relembrar-te para amanhã de manhã não te enganares.

Local: quarto
Hora: 08:50
Maridão (cheio de pica e com a Emma ao colo): Bom dia, dona! Já são 10:00 e está um dia lindo de sol! Vamos acordar e brincar no terraço?
Carlinha (em murder mode e podre de sono): Ainda nem são 09:00 da manhã...! WTF? 
Maridão: Ah, é verdade! Esqueci-me.


Enfim...




sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A maternidade

[este post contém imagens não aconselhadas a pessoas facilmente impressionáveis]

Deve ser encarada como um privilégio e não como um fardo. Deve ser uma opção e não o resultado de um descuido. Há mulheres que não anseiam por ela, que não se imaginam grávidas e que escolhem não ter filhos. Quando feita conscientemente, é uma escolha perfeitamente válida. E rejeito todos os argumentos que a encarem como "egoísmo".

Embora reconheça que possam existir muitas dificuldades, sacrifícios e encargos associados, eu acredito que um filho é uma recompensa que supera todo o esforço. Por isso não compreendo o aborto, o abandono, os maus-tratos, a negligência, a falta de amor... O próprio facto de se entregar uma criança para adopção faz-me uma certa confusão. Do ponto de vista da mãe que não a quer, não daquela que não pode tê-la consigo. Essas, eu admiro. Por serem capazes de optar pela vida do filho e não pela via (mais) fácil. Por serem capazes de o terem dentro de si durante nove meses, a senti-lo, a alimentá-lo, a amá-lo, até... para depois terem de o colocar nos braços de outra pessoa só para lhe proporcionar uma vida diferente (e, sobretudo, melhor) daquela que eventualmente poderiam. 

Mas há aquelas que levam toda a gravidez a pensar naquele ser como uma "coisa" que está alojada dentro de si por algum tempo; um hospedeiro indesejado; um parasita do qual vai conseguir livrar-se assim que o "puser fora". 

Sempre ouvi dizer que "há cadelas que tratam melhor os filhos do que certas mulheres". Eu diria mais: a generalidade dos animais quer é proteger, salvar, tratar como deve ser as suas crias. Porque as entendem como suas. Porque percebem ser uma responsabilidade que impende sobre eles próprios. Porque as amam.
Daí que não consiga evitar pensar que isto anda tudo ao contrário quando vejo criaturas anormalmente humanas a tratar os filhos como se fossem bonecos descartáveis, pedaços de cartão ou embalagens usadas.

Encontrei este vídeo por acaso na internet:


Dei por mim a falar para o computador como uma velha fala para a telenovela (palavras do Maridão). Doeu-me a alma assistir ao desespero desta mãe perante a possibilidade de ver que o filho que acomodou no ventre durante cerca 22 meses (!) está afinal morto. É impressionante como ela parece aflita quando percebe que a cria não se mexe. Os pontapés nervosos que ela lhe dá são o equivalente às palmadas que recebem nas maternidades os bebés que não choram imediatamente ao nascer. Levanta-lhe a cabeça para se certificar de que pode respirar. Esta é uma MÃE. E por isso a sua história tem um final feliz.

Falo de um elefante. Não concebo sequer a ideia de chamar "animal" às fulanas que fazem isto aos seus filhos:



Que as há!
Em números que me assustam:



Teremos chegado ao ponto de ter que identificar os contentores do lixo como se faz a propósito dos produtos recicláveis? Será mesmo necessário espetar na cara dessas filhas de puta um sinal de "proibido"?

Vão para o caralho, mas é!



segunda-feira, 22 de outubro de 2012

As 22 dias do mês de Outubro de 2012

Rendi-me oficialmente às botas.
Aos botins, vá...



domingo, 21 de outubro de 2012

SMS para a prima

"Não me convides para ir caminhar durante, pelo menos, 2 semanas! Desconjunturei a perna direita. A julgar pela dor que sinto na virilha, o mais provável é que a perna se tenha desatarrachado da bacia."

sábado, 20 de outubro de 2012

Bem...

Vou ali fazer um bocadinho de exercício físico e já venho...




P.S. - Se notarem a minha ausência por mais de 3 dias, morri de cansaço pelo caminho.


terça-feira, 16 de outubro de 2012

Amigas para sempre

É para poder ler coisas destas que eu gosto de manter certas amizades no Facebook. ;)
E não, não são adolescentes...




segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Do futuro dos Açores

A propósito do meu post anterior e do comentário nele deixado pela minha querida AC, passo a explicar a minha reacção aos resultados eleitorais de ontem.


Devo começar por dizer que não tenho nada contra o Dr. Vasco Cordeiro, pessoa com quem nunca privei, mas que me parece simpática e acessível (embora isso não chegue) e que já me foi descrita por uma amiga comum e colega de profissão de ambos como sendo muito inteligente. Acrescento que nada tenho contra o Partido Socialista nem os seus militantes, simpatizantes e assim-assim. Não me identifico com os seus ideais políticos, mas se um dia aparecer alguém em representação daquele partido que me pareça digno de ser ouvido com atenção, cujas ideias vão de encontro aos meus princípios e valores e cujas propostas de actuação satisfaçam os meus objectivos e salvaguardem os meus interesses enquanto cidadã, não me farei rogada em votar nesse candidato. Porque considero que temos que olhar para a pessoa em questão e para aquilo que transmite ser e não para o que aqueles que o precederam no partido fizeram. Este meu argumento pode ser falacioso porque em política, nem tudo o que parece é e depois de se estar no poder é que se vê. Mas eu sou como Rousseau... o homem nasce puro, a sociedade é que o corrompe.

Porque é que eu não queria que o PS se mantivesse na condução do Governo Regional dos Açores? Porque nada vai mudar. As medidas socialistas dos "pobres e coitadinhos" vão continuar a prevalecer em detrimento daqueles que realmente trabalham. Os amigos e os parentes vão continuar a ser beneficiados.  Tolos é que eles não são! Como se diz na minha terra... quem tem padrinhos é que se baptiza. Eu não tenho padrinhos desses e orgulho-me de não ter precisado deles até agora. Mas às vezes (naquelas alturas em que chego a casa de rastos e vejo tudo ao meu redor a coçar na micose, mas ainda assim a queixar-se) bem que me apetecia...  

Por aqui, nestas ilhas que querem e não querem ser portuguesas, nestes pedacinhos de terra que se sentem ligados ao Continente, mas que não deixam de sentir uma individualidade muito própria, pouco se vai alterar nos próximos 4 anos. As tarifas aéreas vão continuar a preços exorbitantes e, inevitavelmente, a distância entre os Açores e Portugal Continental vai acentuar-se cada vez mais. Porque a companhia aérea vai ser a mesma e só aquela. Ou não estivessem lá os boys... Os Rendimentos Sociais de Inserção vão continuar a ser distribuídos a torto e a direito e aposto (um dia voltamos a ter esta conversa!) que aquela lei toda bonitinha que saiu no noutro dia vai ser só para inglês ver e vai permanecer tudo na mesma salganhada e  ao "Deus dará".

O Turismo decairá continuamente e de forma acentuada porque vir para os Açores sai mais caro do que ir passar férias para as Canárias e porque o atendimento continua ser uma desgraça. Temos em S. Miguel uma das melhores escolas de hotelaria do país, mas ainda assim os putos saem de lá com uma vontade de trabalhar e ser bons profissionais que só visto. O resultado? Apetecer-me esbolachar alguém sempre que vou a um café, restaurante ou loja... E eu sou de cá! Imaginem os pobres dos estrangeiros... É preciso dinamizar o sector! Colocar gente competente a comandar o barco. Incentivar as pessoas a trabalhar com gosto e qualidade. Eu vivo no meu mundinho cor-de-rosa, eu sei...

A nível de emprego, uns (os "técnicos" - há-os de todas as áreas, meu Deus!) vão sair de umas Secretarias e passar para outras, outros vão subir de posto e há gente que vai passar do privado para o público porque vagas vão ser criadas (o desemprego não parece afectar a função pública por estas bandas - com excepção da educação - já que nos órgãos administrativos continua a haver contratações, comissões de serviço, and so on, and so on...). No comércio e indústria, há muita empresa por aí que pode respirar fundo após o sufoco de viver na incerteza durante os últimos meses, uma vez que o Governo continua o mesmo e os seus contratos manter-se-ão. Que seria delas...?

Mudanças são necessárias, mas eu não acredito que vão acontecer. Desde logo por causa do slogan da campanha socialista: "Renovar com Confiança"... Com "renovar", creio estarem a dirigir-se aos votos de apreço pela liderança do PS nos destinos da Região. A "confiança" depositada no estilo de governação desenvolvido nos últimos dezasseis anos. Não acho que o sentido atribuído seja o de "mudar", "fazer alterações", que era o desejado. Mas cada um interpreta como entender.
Fiquei com a sensação de que na cabeça dos socialistas açorianos ontem ressoava a convicção de que "em equipa vencedora não se mexe". As minhas dúvidas são em relação ao conceito de vitória...

Estou profundamente convencida que que a derrota significativa do PSD foi causa directa da actuação do Primeiro-Ministro e do seu Executivo. Da ligação à dívida externa. Da sujeição ao memorando da troika. E não falo por convicção partidária. A sério! Estou a fazer um interpretação dos factos à luz do que a minha consciência me diz. É que ainda ontem ouvi que "não vale a pena votar na Berta Cabral porque ela é do PSD e o Passos Coelho também é do PSD e o PSD é que manda no Governo e o Governo está a cortar com tudo e a aumentar os impostos e ela cá tem que seguir as ordens que eles no Continente derem e vai ter que fazer igual". Sim... assim tudo seguidinho. Cada um sabe de si e é livre de achar o que entender. Isso é democracia. Mas preocupa-me a falta de informação e de discernimento.

E o que me entristece? Ver que a abstenção ultrapassou os 50%. "Ah, o meu voto não vai mudar nada!". Pois ... apenas entra nas contas para a existência de uma maioria absoluta ou não! O que faz diferença nas decisões que ditam o nosso destino, ó energúmenos! E depois reclamam! Português que é português reclama sempre. 

Se não manifestam a sua opinião antes, não podem criticar depois. Era assim que devia ser. 
Mas isto sou eu a pensar cá com os meus botões...





Definições


  • «A origem da expressão Jobs for the Boys aponta para o sistema de ensino clássico britânico, onde alunos ("boys") provenientes das mesmas escolas que os seus empregadores são preferidos para desempenharem determinadas funções ("jobs"). Na verdade, o significado dado à expressão é  bastante mais vasto e representa o favoritismo dado a parentes, amigos ou outros grupos com características comuns, muitas vezes na escolha para um trabalho mas também em qualquer outra situação onde existe favorecimento de uns em detrimento de outros. Em Portugal, a expressão vulgarizou-se por razões de preferências políticas.» 
(in http://www.jobsfortheboys.com)


  • "No jobs for the boys", foi a famosa tirada de António Guterres na primeira reunião da direcção do PS depois da vitória nas legislativas de 1995. O aviso tinha o objectivo de acalmar o apetite do aparelho socialista, afastado há dez anos do poder. No entanto, os números mostram que os boys não só têm um apetite insaciável, como sempre tiveram jobs. Os períodos imediatamente antes e depois de todas as eleições legislativas entre 1980 e 2008 foram aqueles em que as empresas públicas mais trabalhadores contrataram. "É evidente que são casos de compadrio ou nepotismo."»
(in http://www1.ionline.pt)


  • «A expressão "jobs for the boys" começou a ser usada em Portugal em 1995. Antes de formar o seu primeiro Governo, António Guterres avisou os militantes socialistas que não iria distribuir lugares pelo partido, dizendo-lhes com graça: "No jobs for the boys". (...) São polémicas em geral mesquinhas, onde se fala muito do dinheiro que as pessoas vão receber – e se entra no questionamento do mérito pessoal dos que são ‘premiados’ com lugares que outros ambicionariam. Discutem-se as qualidades das pessoas em termos muito desagradáveis – porque se sugere que elas não tinham categoria para ocupar os lugares para que foram nomeadas. (...) Como dizia Salazar, "em política, o que parece, é". Há muitos portugueses que caíram no desemprego, que viram os rendimentos baixar, que não têm perspectivas – e toda esta gente desesperada é uma bomba-relógio: pode bastar acender o rastilho para ela estoirar. Ora, o facto de se repetir a afirmação de que há indivíduos sem competência para os lugares que ocupam e que só foram nomeados para pagar favores partidários, gera enorme indignação. As pessoas dizem: então os mesmos que me pedem sacrifícios a mim distribuem bons lugares pelos amigos? (...) Em tempo de vacas magras, as injustiças, as situações de favorecimento, as desigualdades de tratamento são um campo aberto a todos os populismos que se dedicam a explorar o desespero e a inveja (tipo: tu não recebes os subsídios mas os do Banco de Portugal recebem). As pessoas estão insatisfeitas, e qualquer pretexto lhes pode fazer ‘saltar a tampa’. (...) O ditado "Ou há moral ou comem todos" nunca teve tanta razão de ser como nos tempos que correm.»

(by José António Saraiva in http://sol.sapo.pt)


  • «A saga continua.» 
(by Carlinha)





Cidades grandes?

Não, obrigada.
Só se for de férias.
Estou muito bem aqui no meu cantinho, perdida no meio do mar e longe de confusões.

É por esta e por outras que eu não tenho saudades nenhumas de viver em Lisboa...




domingo, 14 de outubro de 2012

Asneiras da Emma #1

A Emma veio cá para casa no dia 2 de Setembro. Desde então, posso dizer que cresceu muito, aprendeu muito, ficou ainda mais esperta e, provavelmente, deu-me o meu primeiro cabelo branco.

O grande problema desde o início sempre foi educá-la a fazer o xixi e o cocó (chamemos as coisas pelos nomes, pode ser?) no sítio certo. Isto é que tem sido uma aventura!
Decidimos que o local mais adequado para ela "morar" seria a cozinha, atendendo a que o terraço, embora espaçoso, a deixava um bocadinho desprotegida. Ela tem lá a sua casota e vai com frequência lá para fora dar umas corridas e gastar energia, mas não temos nada que se pareça com um alpendre, por exemplo, para a abrigar da chuva. Assim sendo, a menina tem a caminha, a tigela da água e a da comida, os brinquedos, tudo espalhado pela cozinha.
E o xixi? Pois, esse é que é (foi) o desatino! A nossa cozinha até não é nada pequenina (e a Emma também não é nada grande) e, por isso, ela tem bastante espaço para correr e saltar. Não está confinada a 4 ou 5 m2. Contudo, do que a menina gosta mesmo é de dar grandes corridas e, se não estamos atentos àquela criatura eléctrica, assim que pode sai disparada pela porta e vai direitinha aonde? Ao primeiro tapete que encontrar!

Ora aqui os donos tiveram a brilhante ideia, quando mobilaram a casa (deve ter sido do stress dos preparativos do casamento, só pode), de decorar a sala de jantar com um tapete branco. Um tapete branco debaixo da mesa. Onde já caiu vinho e molhos e pedaços de comida... Inteligências raras, hein? Felizmente tem sido fácil limpá-lo e não há vestígios de alguma vez ter sido conspurcado. Até chegar a Emma... Que logo no primeiro dia lhe fez em cima um belo de um xixi daqueles mesmo concentrados e amarelos, seguido de um borrão de cocó. Ainda por cima, por ser tão novinha, nas primeiras 2 semanas tinha as fezes muito moles...

Estão a ver a cagada (literalmente) que foi?




sábado, 13 de outubro de 2012

DIY

Vou só ali cortar a minha própria franja e já venho.




Ai, que a minha dor no coração acabou de se tornar maior!

Que injustiça, Deus meu...!





Só tenho uma pergunta...

... PORQUÊ?!?!?!




Porque é que viraste gay?!
Se foi por causa de um desgosto de amor, a gente trata já disso, querido...
Oh... que desilusão!!!


sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Como é que se tapa o sol com a peneira?

Criando, promulgando e publicando uma lei que impõe obrigações, mas que prevê mais excepções do que regras...



Lembram-se disto?
O ministro da Solidariedade e Segurança Social, Pedro Mota Soares, anunciou no domingo que os beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI) vão passar a ser obrigados a procurar trabalho, fazer formação profissional e desempenhar tarefas úteis à sociedade. Sobre esta medida, Marcelo Rebelo de Sousa mostrou-se a favor, mas também reticente em relação à aplicação prática deste anúncio: “Já é a décima vez que eu ouço isso e acho bem. O que eu me pergunto é porque é que isso ainda não acontece”, afirmou.


Hoje veio a público, no Diário da República, esta pérola:



Ministério da Solidariedade e da Segurança Social

Institui a actividade socialmente útil a desenvolver por parte dos beneficiários da prestação de rendimento social de inserção



Parece bem, não parece? Então vamos analisar mais a fundo...
O preâmbulo do diploma diz que "Uma das preocupações do XIX Governo Constitucional, em matéria de política social, consiste na revisão do regime jurídico do rendimento social de inserção, enquanto prestação de combate à pobreza sujeita a um conjunto de direitos e deveres consubstanciados na celebração de um contrato de inserção".
Ok... 15 anos volvidos sobre a brilhante ideia do nosso querido Guterres de criar o Rendimento Mínimo Garantido (Lei n.º 19-A/96de 29 de Junho, posteriormente revogada pela ainda mais espectacular Lei n.º 13/2003, de 21 de Maio, que instituiu o rendimento social de inserção - what's the fucking difference?!) é que esta gente se lembra de que é preciso fiscalizar e exigir contrapartidas... Portugal vai sempre com uma década (no mínimo) de atraso em relação ao que tem de ser feito!

Continuando... 
Refere ainda o preâmbulo que "o desenvolvimento de actividade socialmente útil surge como uma forma de activação social e comunitária por parte dos beneficiários da prestação de rendimento social de inserção, através da colaboração prestada a entidades que desenvolvem este tipo de actividades, prestando desta forma um importante contributo cívico a favor da comunidade onde se inserem, e que não se confunde com o desenvolvimento de trabalho socialmente necessário a que se encontram obrigados os beneficiários de prestações de desemprego".
Ai, que me vai dar qualquer coisinha com tanta condescendência...!

Mais... "A actividade socialmente útil pode desenvolver-se, designadamente, no âmbito do apoio à organização e desenvolvimento de projectos ou eventos ligados à prática desportiva, recreativa e cultural, do apoio à organização e desenvolvimento de projectos ou eventos de protecção do património natural e paisagístico — nomeadamente, actividades de protecção do ambiente, da fauna e da flora —, do apoio à organização e desenvolvimento de projectos ou eventos de protecção ou defesa do património arquitectónico, do apoio à organização e desenvolvimento de actividades não permanentes — como sejam, a organização de bibliotecas, arquivos e museus municipais —, do apoio à organização e desenvolvimento de actividades de apoio social, ou do apoio à organização e desenvolvimento de actividades ligadas a serviços gerais de apoio de carácter não permanente". Hum... tanto projecto e actividade de âmbito cultural... e sujar as mãozinhas, não? Já vão levar a "injecção de funcionário público".

Depois de tanto blá blá blá, eis que surgem as regras e sanções para o seu incumprimento: "Sujeita a um conjunto de regras que assegura aos beneficiários de rendimento social de inserção o desenvolvimento de outras formas de inserção na sociedade, como sejam a procura activa de emprego ou a elevação das suas competências através da frequência da escolaridade obrigatória ou de formação profissional, a actividade socialmente útil apenas pode ocupar até quinze horas semanais, distribuídas no máximo por três dias úteis. A violação grave e reiterada, pelo beneficiário, dos deveres decorrentes do presente decreto -lei, assim como a verificação de faltas injustificadas, comportam a cessação do direito ao rendimento social de inserção" [negrito nosso].
Quinze horas semanais? Quinze? Para receber €800?! Uau...tanto! Que estafa...

Vou abster-me de dissecar o conteúdo dos artigos desta "coisa", ressalvando apenas algumas passagens:
  •  "A actividade socialmente útil caracteriza-se pela realização de tarefas que, na sua maioria, não integram o âmbito do conteúdo funcional dos lugares previstos no quadro de pessoal ou nos instrumentos de regulamentação colectiva aplicáveis ou não se sobreponham às desenvolvidas pelos trabalhadores da entidade promotora". - aka "fazer corpo presente".
  •  "A actividade socialmente útil é compatível com as aptidões do beneficiário, bem como com as suas habilitações escolares, qualificação e experiência profissional, e respeita as normas gerais e especiais relativas às condições de trabalho, designadamente no que concerne à segurança, higiene e saúde no trabalho". - aka "não fazer nada por falta de massa cinzenta".
  •  "Ficam excluídos da prestação de actividade socialmente útil os beneficiários que:
a) Recebam prestações de desemprego;
b) Se encontrem a exercer actividade profissional ou a frequentar qualquer grau de ensino, acção de formação profissional ou outro tipo de actividade no âmbito de medidas activas de emprego;
c) Se encontrem a prestar apoio indispensável a membro do seu agregado familiar, de forma permanente;
d) Sejam vítimas de violência doméstica acolhidas em casas de abrigo".

  • "O limite máximo semanal de duração da actividade socialmente útil é de quinze horas, distribuído no máximo até três dias úteis, e sem ultrapassar diariamente seis horas"
  • "O beneficiário tem direito a transporte, alimentação e seguro de acidentes pessoais, da responsabilidade da entidade promotora".


Vou ali vomitar um bocadinho e já volto.


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