sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Afinal em que ficamos?

Tantas vítimas assumidas, outras tantas a dar entrevistas com distorção de som e de imagem.
Juras a pés juntos; traumas de infância; adolescências conturbadas e vidas marcadas.
Lágrimas na televisão, na polícia e no tribunal. Declarações chocantes. 
A opinião pública revoltada contra os abusadores e consternada pelos abusados.
Uns acusam, outros declaram-se inocentes até à morte.
O "processo Casa Pia" é uma palhaçada desde o início! Muito diz que disse, diz que não disse, fui eu, não foste tu, eu estava, tu estavas, eles foram... Hoje uma conversa, amanhã outra diferente...

Confesso que sempre tive dúvidas em relação à condenação da personagem mais mediática do caso: Carlos Cruz. Não por simpatizar ou deixar de simpatizar com o senhor; não por se tratar de uma figura pública; não porque lhe atribua maior ou menor credibilidade do que aos outros... Algo ali não me cheirava bem, só isso. Nariz de penalista, acho eu...

Aqui há uns meses estava eu na livraria (não... mentira... jura?!) e encontrei numa das estantes um livro da autoria do dito. Desconhecia a sua existência. Sabia que a ex-mulher tinha virado escritora com um livro onde conta o pesadelo que viveu e que a filha mais velha havia feito exactamente o mesmo (há que fazer render o peixe...), pelo que não estranhei que o principal visado quisesse contar a sua versão da história e apelar à sensibilidade do público. O que me  surpreendeu, sim, foi verificar que aquelas linhas não se limitavam a relatar os factos sob o ponto de vista do arguido (entretanto já condenado e actualmente recorrente); as suas alegações estão suportadas documentalmente, com extractos de peças processuais extraídas dos próprios autos.


Só lendo... a justiça portuguesa tem uns meandros que ainda me deixam boquiaberta. A prova já está feita e a decisão tomada muito antes de se iniciarem os julgamentos. Cada vez mais acredito nisso e já o senti na pele (dos meus clientes). Este livro fez-me olhar para o escândalo Casa Pia com outros olhos, agora sob uma perspectiva processual, técnica e baseada em provas escritas. 

A notícia que saiu hoje no Público veio reforçar a minha ideia de que aquele livro deve ser lido por todos. Não nos podemos deixar ficar apenas pelo que foi saindo na comunicação social ao longo destes anos. É que cada vez mais fica a dúvida: afinal quem é que está a mentir?

E não, não sou advogada de Carlos Cruz. Apenas advogo a justiça e cada vez vou advogando menos, na verdade...


1 comentário:

  1. pois pois... este caso ainda tem muitas cenas do próximo capitulo!
    podes espreitar mais aqui: http://www.processocarloscruz.com/

    ResponderEliminar

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...