Descobri que sofro de uma doença incurável: sou bibliobúlica.
terça-feira, 30 de abril de 2013
quinta-feira, 25 de abril de 2013
E para relembrar o 25 de Abril
Ouçamos uma das minhas músicas favoritas de todos os tempos, cantada com mestria por uma voz feminina, de alguém que à data não era nascida.
Não interessa a revolução, não importam os cravos. Olhem à vossa volta: está tudo a precisar de uma reforma, novamente. E com urgência.
Enquanto isso não acontece, concentremo-nos e apreciemos a beleza desta letra.
Para homenager Ella Fitzgerald no seu aniversário
Não interessa quantos anos faz. As mulheres param aos 35, ponto.
Esta música é que é intemporal.
Para ser ouvida de olhos fechados e com os sentidos despertos...
segunda-feira, 22 de abril de 2013
domingo, 21 de abril de 2013
É política. Quem não gosta, passe à frente.
Eu não leio jornais nem vejo
telejornais. Só sei as notícias via internet. Avé, World Wide Web!
A primeira que li
hoje dá conta da saída de Paulo Braga Lino do Governo de Pedro Passos Coelho e
da sua substituição por Berta Cabral (deixemos os Drs. de parte, que eu não
gosto nada destas coisas!) como Secretária de Estado da Defesa.
Estão abertas as hostes
ao festival da má-língua. No Facebook proliferam comentários de quem,
nitidamente, fala por falar, sem olhar para a frente e muito menos para o
próprio umbigo. As críticas prendem-se, principalmente, com o facto de, em
Outubro passado, aquando da sua campanha para as eleições regionais, Berta
Cabral ter dito que se "desmarcava do governo de Pedro Passos
Coelho".
E agora estão todos
indignados porque a mulher aceitou um cargo naquele mesmo governo. Sou eu que
não compreendo bem português ou é essa gente que não vive neste mundo? Estou
convicta de que Berta Cabral não ganhou as eleições para o Governo da RAA
justamente porque estas mentes tacanhas pensaram que ela havia de aplicar aqui
todos os cortes que lhe fossem "comandados" pelo Continente. Já aqui
escrevi, não tenho a certeza, de que houve quem dissesse: "Ai, eu não vou
votar nela porque ela é do PSD e os que estão lá no governo também são do PSD e
vão mandar nela e dizer-lhe para fazer mais cortes como eles lá e eu não quero
ficar sem o meu rendimento mínimo." (assim,
tudo corridinho)
Li de alguém: "É o reconhecimento da capacidade política e de gestão
pública de uma política açoriana com experiência." E concordo. Do trabalho que a
senhora fez por Ponta Delgada desde 2001 só tenho a dizer bem. O mesmo já não
posso fazer sobre o Governo Regional, isso é certo.
Por cá, a polémica já é muita.
Referem-se "tachos", incongruências, dança das cadeiras..., mas eu cá
acho que escolheram alguém com valor e capacidade de trabalho. Se ela era
contra as políticas de PPC quando se candidatou às regionais, provavelmente ainda
o é. E talvez leve consigo ideias que possam ajudar, já pensaram nisso? Em lado
nenhum vejo escrito que os Ministros/Secretários de Estado devam ser vassalos
do Primeiro Ministro. Podem ser contra determinadas opções e manifestarem-nas.
Das discussões nascem muitas
vezes soluções inesperadas. Mas isso sou só eu a pensar com os meu botões, que
as más-línguas vão continuar a sibilar...
Aliás, a mesma que no outro dia dizia ter saudades do Sócrates (há aí lugares vagos
na Casa de Saúde?!), hoje estava toda pespineta no Facebook a criticar esta
alteração na estrutura do Governo. Coitada, logo ela, que tacho maior não podia
ter arranjado. Ela e o namorado. Aliás, por causa do tacho dele é que ela o
quis namorar... Pior, aquilo ainda se chama namoro e nunca chega a vias de
casamento porque se o tacho se quebra... já não vale a pena. Ai, mas que cobra
venenosa que eu sou!
Vejam com os vossos olhinhos,
vejam...
sábado, 20 de abril de 2013
quinta-feira, 18 de abril de 2013
Há sempre um amanhã
Se o vosso dia hoje foi tão mau como o meu... agarrem-se a isto:
E para eu estar a postar esta bodega aqui (atendendo ao meu conhecido "amor" por frases feitas) é porque o meu dia foi MESMO mau.
terça-feira, 16 de abril de 2013
Que eu não me chamo Carla...
... Se não saio hoje do trabalho a horas, vou para casa, tiro os saltos altos, pego na Emma e vou fazer uma curta caminhada.
Se estou a escrever este post no escritório? Sim. Se não fiz "nenhum" na última hora? Afirmativo. Se estive à conversa via Facebook com uma pessoa inteligente e sobre assuntos interessantes depois de me ter esfalfado a trabalhar e de me ter zangado com aqueles que fazem tudo torto? Também é verdade. Um dia não são dias e eu também tenho direito a um exercíciozinho mental.
Por falar em exercício... porquê o fogo todo para ir passear a Emma?
Em primeiro lugar... PORQUE ESTOU UMA LONTRA!!! Pesei-me hoje de manhã e tinha 60 kg e umas gramas (nem vi bem quantas, tamanho o choque). Para começar, já nem almocei (isso foi mais culpa do trabalho, mas pronto). Sim, eu sei, é asneira. Mas fui petiscando umas bolachinhas ao longo do dia e estou bem.
Em segundo lugar, porque sei que se chegar a casa e me puser a recolher roupa e a arrumar loiça, dali a meia hora estou no refastelada no sofá sem paciência para nada. Assim, talvez tenha forças para, quando chegar do passeio, ainda agarrar numas coisas que devia escrito hoje e não o fiz.
Mas à parte estes apartes todos, a verdade é que tenho que fazer dieta. Não é (só) uma questão de exercício. Eu não controlo o que como! Marcha tudo! Como nunca fui assim (era raríssimo sentir fome), estava a aproveitar a fase. Só que a fase escalou rapidamente para o exagero.
Só a título de exemplo: troquei 3 vezes de roupa hoje de manhã antes de sair de casa porque as coisas deixaram, assim de repente, de me servir... :P
domingo, 14 de abril de 2013
Então basicamente é assim...
Aqui a je, que é avessa a mudanças, há 6 meses fez um makeover total na vida.
Comecei por deixar o escritório onde estagiei e já trabalhava há 6 anos. Deixei de dar formação. Deixei de ir representar clientes ao tribunal. Tudo para ficar a tempo inteiro na empresa onde já dava apoio jurídico. Para ter uma vida normal. Um emprego normal. Um horário normal. E um ordenado fixo.
Agora sou mais uma daquelas (infelizes?) pessoas que trabalha das 09h00 às 18h00 (só que no meu caso, as 18h00 são meramente indicativas...). A princípio soube bem começar e acabar o dia num sítio só. Agora tenho dias em que me sinto "presa". Mas disso eu já estava à espera. É o preço a pagar por levar uma vida mais calma, com menos sobressaltos e ansiedade.
O médico dos maluquinhos, por sua vez, já me andava a irritar com a teimosia em manter-me sob determinada medicação durante, pelo menos, dois anos. Eu bati o pé e disse que tomava durante um ano, apenas. Ainda assim, na última consulta, continuou com aquele discurso do "vamos esperar mais um bocadinho...". E eu estou aqui para o aturar, se calhar...! Consultas de 3 em 3 meses, flutuações nas dosagens dos mesmos fármacos, a mesma conversa do "esperar", o tempo a passar, eu a gastar dinheiro, sem ver melhorias nenhumas, sempre com altos e baixos e grandes crises. Puta que o pariu!
Em Fevereiro arranjei, da noite para o dia, o contacto de outra médica e, sem "ai", nem "ui", mandei o outro à fava. Nunca mais ouviu falar de mim. Uma hora e meia de consulta. Carlinha falou, falou, falou... fez o seu próprio diagnóstico e por fim calou-se, esperando ouvir da médica: "és completamente marada dos cornos". A gaja (que é das minhas, despachada) perguntou-me apenas o que é eu esperava ouvir dela naquela consulta. Perante a minha resposta, confirmou-me que eu estava mais do que consciente dos meus problemas/"deficiências", e acrescentou que, como mulher, compreendia a minha pressa no tratamento. Resultado: nada de métodos old school como o outro velhadas. Aqui, a coisa é: dose de cavalo, 6 meses. Fim da medicação no Verão. Férias. Fabrico de puto. Destino quente, muita praia e sexo. Regresso grávida. Conselho médico, juro!
Tenho estado bem. Muito bem (figas!). O único senão é a fome constante. Farto-me de comer. E tenho um desejo por porcarias que só Deus sabe. Bolachas, bolos, chocolates, gelados... Eu só quero doces! Estou sempre com desejos. Resultado: engordei que só visto. Tenho 57 kg! Eu! 57 kg para 1,55 m de altura! Toda a vida lutei para atingir os 50 kg e nunca passava dos 45/46 kg. Fazei as contas: no dia em que me casei, pesava 43 kg (estava um esqueleto ambulante, portanto). Agora, com 57 kg, não ando: rebolo.
E toda a gente a insistir que estou grávida. E eu a bater o pé que não. Que a fome é da medicação. E eles a baterem na mesma tecla: que são desejos de gravidez, que a minha barriga não é de gorda, que está dura e não flácida, que estou toda redonda... Xiça! Sabem que mais?! Cagai-vos a todos. Antes era: "Estás tão magra, rapariga! Tu come! Pareces anoréctica! Qualquer dia desapareces...". Já engordei, pronto. Satisfeitos? Não... Ide à merda, então.
Estou gorda, sinto-me pesada e lenta. Mas estou bem. Começo finalmente a ficar bem. E é só isso que me interessa por agora. Porque o meu problema é genético e, mais cedo ou mais tarde, pode voltar. Ou não. Até lá... vivo a minha nova vida ao máximo, pensando que a cura será para sempre. Se não for, cá estaremos para lutar outra vez. Que eu agora sou mais forte (literalmente)... ;)
segunda-feira, 8 de abril de 2013
domingo, 7 de abril de 2013
sábado, 6 de abril de 2013
A dona Ema & eu - por António Lobo Antunes
|
terça-feira, 2 de abril de 2013
A Mulher Portuguesa Tem um Bocado de Pena dos Homens
A Mulher Portuguesa Tem um Bocado de Pena dos Homens
A mulher portuguesa não é só Fada do Lar, como Bruxa do Ar, Senhora do Mar e Menina Absolutamente Impossível de Domar. É melhor que o Homem Português, não por ser mulher, mas por ser mais portuguesa. Trabalha mais, sabe mais, quer mais e pode mais. Faz tudo mais à excepção de poucas actividades de discutível contribuição nacional (beber e comer de mais, ir ao futebol, etc). Portugal (i.e., os homens portugueses) pagam-lhe este serviço, pagando-lhes menos, ou até nada.
O pior defeito do Homem português é achar-se melhor e mais capaz que a Mulher. A maior qualidade da Mulher Portuguesa é não ligar nada a essas crassas generalizações, sabendo perfeitamente que não é verdade. Eis a primeira grande diferença: o Português liga muito à dicotomia Homem/Mulher; a Portuguesa não. O Português diz «O Homem isto, enquanto a Mulher aquilo». A Portuguesa diz «Depende». A única distinção que faz a Mulher Portuguesa é dizer, regra geral, que gosta mais dos homens do que das mulheres. E, como gostos não se discutem, é essa a única generalização indiscutível.
A Mulher Portuguesa é o oposto do que o Homem Português pensa. Também nesta frase se confirma a ideia de que o Homem pensa e a Mulher é, o Homem acha e a Mulher julga, o Homem racionaliza e a Mulher raciocina. E mais: mesmo esta distinção básica é feita porque este artigo não foi escrito por uma Mulher.
Porque é que aquilo que o Homem pensa que a Mulher é, é o oposto daquilo que a Mulher é, se cada Homem conhece de perto pelo menos uma Mulher? Porque o Português, para mal dele, julga sempre que a Mulher «dele» é diferente de todas as outras mulheres (um pouco como também acha, e faz gala disso, que ele é igual a todos os homens). A Mulher dele é selvagem mas as outras são mansas. A Mulher dele é fogo, ciúme, argúcia, domínio, cuidado. As outras são todas mais tépidas, parvas, galinhas, boazinhas, compreensíveis.
Ora a Mulher Portuguesa é tudo menos «compreensiva». Ou por outra: compreende, compreende perfeitamente, mas não aceita. Se perdoa é porque começa a menosprezar, a perder as ilusões, e a paciência. Para ela, a reacção mais violenta não é a raiva nem o ódio – é a indiferença. Se não se vinga não é por ser «boazinha» – é porque acha que não vale a pena.
A Mulher Portuguesa, sobretudo, atura o Homem. E o Homem, casca grossa, não compreende o vexame enorme que é ser aturado, juntamente com as crianças, o clima e os animais domésticos. Aturar alguém é o mesmo que dizer «coitadinho, ele não passa disto…» No fundo não é mais do que um acto de compaixão. A Mulher Portuguesa tem um bocado de pena dos Homens. E nisto, convenhamos, tem um bocado de razão.
O que safa o Homem, para além da pena, é a Mulher achar-lhe uma certa graça. A Mulher não pensa que este achar-graça é uma expressão superior da sua sensibilidade – pelo contrário, diverte-se com a ideia de ser oriundo de uma baixeza instintiva e pré-civilizacional, mas engraçada. Considera que aquilo que a leva a gostar de um Homem é uma fraqueza, um fenómeno puramente neuro-vegetativo ou para-simpático – enfim, pulsões alegres ou tristemente irresistíveis, sem qualquer valor.
E chegamos a outra característica importante. É que a Mulher Portuguesa, se pudesse cingir-se ao domínio da sua inteligência e mais pura vontade, nunca se meteria com Homem nenhum. Para quê? Se já sabe o que o Homem é? Aliás, não fossem certas questões desprezíveis da Natureza, passa muito bem sem os homens. No fundo encara-os como um fumador inveterado encara os cigarros: «Eu não devia, mas.. » E, como assim é, e não há nada a fazer, fuma-os alegremente com a atitude sã e filosófica do «Que se lixe». Homens, em contrapartida, não podiam ser mais dependentes. Esta dependência, este ar desastrado e carente que nos está na cara, também vai fomentando alguma compaixão da parte das mulheres. A Mulher Portuguesa também atura o Homem porque acha que «ele sozinho, coitado; não se governava». O ditado «Quem manda na casa é ela, quem manda nela sou eu» é uma expressão da vacuidade do machismo português. A Mulher governa realmente o que é preciso governar, enquanto o homem, por abstracção ou inutilidade, se contenta com a aparência idiota de «mandar» nela. Mas ninguém manda nela. Quando muito, ela deixa que ele retenha a impressão de mandar. Porque ele, coitado, liga muito a essas coisas. Porque ele vive atormentado pelo terror que seria os amigos verificarem que ele, na realidade, não só na rua como em casa não «manda» absolutamente nada. «Mandar» é como «enviar» – é preciso ter algo para mandar e algo ao qual mandar. Esses algos são as mulheres que fazem.
O Homem é apenas alguém armado em carteiro. É o carteiro que está convencido que escreveu as cartas todas que diariamente entrega. A Mulher é a remetente e a destinatária que lhe alimenta essa ilusão, porque também não lhe faz diferença absolutamente nenhuma. Abre a porta de casa e diz «Muito obrigada». É quase uma questão de educação.
A imagem da «Mulher Portuguesa» que os homens portugueses fabricaram é apenas uma imagem da mulher com a qual eles realmente seriam capazes de se sentirem superiores. Uma galinha. Que dizer de um homem que é domador de galinhas, porque os outros animais lhe metem medo?
Na realidade, A Mulher Portuguesa é uma leoa que, por força das circunstâncias, sabe imitar a voz das galinhas, porque o rugir dela mete medo ao parceiro. Quando perdem a paciência, ou se cansam, cuidado. A Mulher portuguesa zangada não é o «Agarrem-me senão eu mato-o» dos homens: agarra mesmo, e mata mesmo. Se a Padeira de Aljubarrota fosse padeiro, é provável que se pusesse antes a envenenar os pães e ir servi-los aos castelhanos, em vez de sair porta fora com a pá na mão.
Subscrever:
Mensagens (Atom)