É... Acho que isto aqui vai virar um diário da minha gravidez. Aguentem-se à bronca!
Não estará, no entanto, repleto de informações
coisinho-fofi (como diria Titia
Pólo Norte), até porque de fofinho isto não tem tido nada até agora. :P
Amanhã completamos 15 semanas de gestação. Acabei de entrar no segundo trimestre e este bebé já me dá quase tanto trabalho como se estivesse cá fora.
Eis o rescaldo:
Os enjoos nunca mais passam. Ontem estive maldisposta (mesmo!) desde que acordei de manhã até ter posto os dedos à boca pelas 20:00. Péssimo! Se antes me apercebia que a má disposição era equivalente a fome (o organismo fica estúpido e deixa de dar sinal de fome para passar de vez às dores de estômago), agora empanturro-me e não resolve. Ontem tentei lidar com o problema comendo pouco a pouco: cereais, fruta, sopa... Parece que não fazia a digestão e que ia ficando tijolo em cima de tijolo. Às tantas, desesperada já e farta de estar na cama a ver se me passavam as náuseas, levantei-me, debrucei-me sobre a sanita e toma que lá vai disto. Três jactos de vómito que me deixaram sem forças e toda a tremer. Demasiada informação? Amanhem-se, que o pai da criança teve que ouvir tudo mesmo ali ao lado e juro que não era um cenário nada glamouroso... :P
Seria de esperar uma sensação de alívio, certo? Não. Voltei para a cama ainda maldisposta e a arrotar. WTF? Quase chorei de desespero. Subitamente as dores tornaram-se mais intensas e comecei a pensar em comida. Again: WTF?!
"Ora deixa cá ver... Sopa de tomate: acabei de a vomitar. Deus me livre! Croquetes com esparguete: comi ao almoço e nem pensar em ver carne novamente. Almôndegas com arroz frito: é carne; não consigo. Cereais? Já não posso com aquele mel dos Golden Grahams... porque me tiraram os meus Chocapic?!".
Plim! Fez-se luz. Pão com manteiga. Dores terríveis de estômago e uma vontade imensa de comer pão com manteiga... Marido lá saiu de casa para ir ao hipermercado comprar pão. O homem a caminho e ligo-lhe para trazer bananas. Deu-me o desejo de comer pão com manteiga e banana, a minha refeição favorita desde que me lembro que sou gente. Consiste tão simplesmente numa sandes barrada com manteiga e recheada com rodelas de banana e era o truque da minha mãe quando eu não queria comer mais nada.
O homem chega a casa e eu contorço-me toda com dores. Tenho vontade de vomitar outra vez. Aparece-me então com duas sandes, às quais me agarro como se não comesse há 15 dias. Gente! Isto não é normal!!!
Aversões: azeite. Não consigo pensar nisso, sequer, que se me dá uma volta ao estômago. Fico doente só de imaginar pratos que tenham sido confeccionados com azeite. Muito ou pouco. Argh! Conclusão: carne ou peixe... dispenso, obrigada. Mas faço um esforço! É que por mim passava o dia a fruta.
Enjoos à parte, continuo magrinha, mas já recuperei os 1,5 kg que havia perdido no primeiro mês. Foram todos para as mamas, parece-me... Os meus soutiens sexy foram substituídos por tops reforçados daqueles de usar no ginásio. São a única forma de me sentir confortável. A barriga começou a dilatar e já estou a usar cinta de gravidez, daquelas com suporte elástico na zona do baixo ventre. Suporta-me o peso incrível que já sinto e um ligeiro desconforto nas costas. Com esta barriguinha já não tenho posição... imagino com uma barriga de 8 meses...! Já não consigo dormir de barriga para baixo e já preciso de uma almofada para me ajudar nas mudanças de posição. Tenho uma daquelas em forma de triângulo (pirâmide, talvez) que se tornou uma grande amiga nesta última semana.
Já não consigo dobrar-me para a frente como antes. Tenho de abrir as pernas e agarrar na barriga para me baixar. Sinto pseudo-dores menstruais. É o útero a crescer para acomodar o bebé e rasgam-se-me as entranhas. Parece-me que a cria vem grande, pois esta zona da barriga (baixo ventre) está duríssima, como se o bebé estivesse mesmo aqui em baixo a ocupar todo o espaço que pode. Quando lhe toco é como se tivesse levado pontapés, de tão dorida que me sinto.
As insónias continuam, com dias a adormecer por volta 4:00 da manhã e outros pelas 00:00. Já não sinto tanto sono durante o dia, porém. Os enjoos não deixam, verdade seja dita...
A minha pele está um nojo. Tenho mais borbulhas agora do que durante a adolescência inteira. O cabelo cai-me que nem folhas no Outono, mesmo depois de lhe ter pregado uma grande poda. O olfacto está apuradíssimo, o que não é uma coisa boa, pois agora identifico cheiros onde provavelmente nem os há... A visão piorou. Estou míope como quando tomava Sertralina. Vejo novamente a televisão desfocada e sinto necessidade dos óculos quando conduzo. Não os posso usar pelos simples facto de terem as lentes todas riscadas pelos dentes da Emma... Não perguntem.
Roupa: ainda não tenho corpo para usar roupa de pré-mamã e as minhas calças ainda me servem. Isso é péssimo, na verdade. É que não consigo usar roupa justa sem me sentir sufocada. Trocava já as t-shirts e camisas por túnicas largas. Mas ia parecer vestida por alma de alguém.
Em suma: não estou a achar nada engraçado este suposto estado de graça...